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A notícia divulgada nesta terça-feira (14) de que a atriz Angelina Jolie passou por uma dupla mastectomia preventiva perante a propensão genética de desenvolver um câncer de mama, voltou a situar o debate em torno desta cirurgia preventiva da qual a comunidade médica não esconde suas reservas.

Jolie, que tinha 87% de possibilidades de desenvolver a doença, publicou um artigo nesta terça no "The New York Times", intitulado de "Minha escolha médica", no qual justifica sua decisão e encoraja outras mulheres que vivam uma situação parecida a considerar a cirurgia.

"Decidi não manter minha história em segredo porque há muitas mulheres que não sabem se poderiam estar vivendo sob a sombra do câncer. Tenho a esperança de que elas também sejam capazes de obter provas genéticas e que, se correrem um alto risco, saibam que têm opções", disse a atriz.

A dupla mastetomia, uma operação que consiste em extirpar ambos os seios para previnir ou lutar contra o câncer de mama, aparece como uma opção cada vez mais recorrente entre as mulheres dos Estados Unidos, algo que se arrasta desde a década passada.

Entre 1998 e 2003, a quantidade destas operações disparou de 1,8% para 4,5% entre mulheres com câncer de mama.

Trata-se de uma decisão extremamente delicada e pessoal, já que apesar dos benefícios de se submeter à operação, fica evidente - os últimos estudos mostram que as possibilidades de uma mulher contrair câncer de mama reduz 90% nas pessoas "com risco elevado" após a mastectomia-, que o procedimento também pode ter consequências negativas para a paciente.

"Como em qualquer tipo de operação, existem riscos como por exemplo de que se haja complicações derivadas de uma hemorragia ou uma infecção", aponta um comunicado do Instituto Nacional do Câncer (NCI, por sua sigla em inglês) dos EUA.

O NCI recomenda, o tempo todo, "considerar alternativas para a cirurgia".

Além disso, o NCI lembra de que se trata de um processo "irreversível" que pode ter "efeitos psicológicos" na mulher por causa das mudanças em seu corpo e da perda das funções do peito.

"A decisão é extremamente complicada e varia muito entre aquelas mulheres geneticamente propensas, que são operadas por prevenção, e aquelas que já desenvolveram câncer em um seio e querem evitar que se reproduza no outro", explicou à Agência Efe o presidente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, Cliff Hudis.

Uma das principais recomendações do NCI é a de expressar e falar sobre seus sentimentos e percepções com relação à mastectomia com amigos e parentes, assim como contemplar alternativas assessoradas sempre por mais de um médico.

O departamento de Oncologia da Universidade de Pittsburgh (Pensilvânia) emitiu um relatório em 2 de maio, elaborado a partir de 206 entrevistas com mulheres que tinham praticado a mastectomia preventiva.

A "vasta maioria" das entrevistadas estava contente com a decisão tomada e a recomenda para outras mulheres.

A universidade destaca "o medo do câncer" e "a opinião de terceiros" -amigos, parentes, parceiro e os médicos de confiança- como os principais catalisadores na tomada deste tipo de decisões, assim como, um degrau abaixo, a possibilidade de reconstrução das mamas uma vez extirpadas.

O perfil majoritário da mulher que pratica uma dupla mastectomia como medida preventiva e por propensão genética é jovem - Jolie tem 37 anos-, com um alto nível de estudos.

De fato, das 206 mulheres participantes do estudo da Universidade de Pittsburgh, 147 eram menores de 50 anos, a maioria tinha curso superior, estava casada ou tinha parceiro e ganhava uma média de US$ 60 mil dólares anuais, ou seja, que dispunham de um alto poder aquisitivo.

Angelina Jolie é a última figura pública a optar por esta operação que cada vez mais tem sido aderida pelas mulheres dos EUA, depois que no mês passado de janeiro a candidata ao título de rainha da beleza nacional, Allyn Rose, também expressou sua vontade de se submeter a uma dupla mastectomia preventiva com apenas 24 anos.

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