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 | Fotos: Priscila Forone/Gazeta do Povo
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Os medicamentos contra dor mais utilizados pelos brasileiros são o paracetamol e a dipirona sódica, que lideram em fórmulas que levam apenas o princípio ativo ou em associações. São analgésicos e antipiréticos/antitérmicos: o primeiro atua no centro do hipotálamo, regulando a temperatura, e aumenta o limiar para dor, proporcionando analgesia, enquanto a dipirona ainda não tem o mecanismo de ação totalmente decifrado, apesar de alguns dados indicarem uma ação central e periférica combinada.

Mesmo com venda livre permitida no país – ou seja, sem necessidade de receita médica – os especialistas alertam sobre a importância de se conhecer a dose correta, o mecanismo de ação da subs­tância, seus efeitos cola­terais e interações prejudiciais.

"A dor é um sintoma de que algo não está indo bem, a inflamação é uma reação do corpo a um agente agressor. Mascarar um sintoma com automedicação crônica não é a melhor maneira de lidar com o problema. O ideal é ir o quanto antes ao médico", diz a profes­sora Roseli de Lacerda, do Departa­mento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná.

Por poderem ser encon­trados na casa de muitos brasi­leiros, a intoxicação acidental em crianças com esses medica­mentos é muito comum e merece alerta, segundo Marlene Entres, médica supervisora dos plantonistas do Centro de Controle de Envenena­mento de Curitiba. "O parace­tamol é o maior res­ponsável por enve­nena­mentos. Os pais, que na maioria das vezes não pre­senciam a ingestão do remédios pelos filhos, devem ficar alertas a súbitas náuseas, vômitos, suor e mal-estar, desconfiar sempre e levar a criança logo ao médico. Esses sintomas podem simples­mente sumir após 24 horas da ingestão, e voltar com força total três dias depois, causando a morte." Confira a comparação entre as subs­tâncias e consulte a bula.

Fontes: professora Roseli Boerngen de Lacerda, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná e Marlene Entres, médica supervisora dos plantonistas do Centro de Controle de Envenenamento de Curitiba e Medley.

DIPIRONA

Indicação

Tratamento de manifestações dolorosas e febre.

Ação após administração oral

Entre 30 e 60 minutos.

Permanência do efeito

4 horas.

Tempo de tratamento

Não usar mais que 1 a 2 comprimidos até 4 vezes ao dia, somente a critério médico.

Superdosagem

Toxicidade aguda é baixa, mas pode causar náusea, vômito, hipotensão e raramente depressão do sistema nervoso central.

O problema maior vem com a exposição crônica ao medicamento, no uso ao longo de muitos anos.

Alertas

Tem venda proibida nos Estados Unidos, com a alegação de causar efeito lesivo sobre células sanguíneas. O tratamento deve ser interrompido caso haja sinais de alergias na pele, dores e anormalidades na boca ou garganta – sinais de agranulocitose, em que a medula óssea deixa de produzir glóbulos brancos – ou trombopenia. No Brasil o medicamento é usado livremente, e não há dados significativos quanto a problemas deste tipo. O medicamento é contraindicado a uma lista extensa de pacientes, principalmente os portadores de doenças metabólicas, asma analgésica ou brônquica, com urticária crônica, intolerantes a álcool e a corantes como a tartrazina e a conservantes como benzoatos, entre outros. PARACETAMOL

Indicação

Redução de febre, dores leves e moderadas associadas a gripes e resfriados comuns, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores leves relacionadas a artrites e dismenorreia.

Ação após administração oral

Entre 15 e 30 minutos.

Permanência do efeito

4 a 6 horas.

Tempo de tratamento

Não usar para dor por mais de 10 dias ou para febre por mais de 3 dias.

Superdosagem

A overdose é constatada ao se exceder 4g (8 comprimidos de 500mg ) ingeridos em 24 horas, mas a superdosagem ocorre ao se tomar de 7,5g a 10g em um período de 8 horas ou menos. O envenenamento é lento: nas primeiras 24 horas causa distúrbios gastrointestinais como náuseas, vômitos, sudorese intensa e mal-estar geral. Depois disso a pessoa aparentemente melhora, mas 72 horas depois tem início a lesão renal e hepática – com icterícia, hipoglicemia, sangramentos gerais, surgimento de hematomas – até a falência do fígado e a morte, que ocorre de 7 a 10 dias depois.

Alertas

Pode causar dano hepático, principalmente em usuários crônicos de bebidas alcoólicas. O medicamento não deve ser utilizado em crianças abaixo dos 12 anos. Está em primeiro lugar em número de envenenamentos entre medicamentos analgésicos registrados no Centro de Envenena­mentos do Hospital de Clínicas da UFPR. O óbito acontece por necrose hepática, pela destruição dos hepatócitos. Nos Estados Unidos, a intoxicação pelo medica­mento é a maior causa de transplantes de fígado.

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