| Foto: Jesper Westley / Divulgação

A diabete aumenta três vezes a chance de uma pessoa contrair tuberculose. A descoberta é resultado de uma pesquisa, ainda em andamento, feita pela médica colombiana e pós-doutora em microbiologia Blanca Restrepo. Ela estuda, desde 2006, uma população de alto risco de diabete no estado do Texas, Estados Unidos, na fronteira com o México. Embora os dados sejam de uma região, eles refletem a tendência de países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. A profissional concedeu entrevista à repórter Anna Simas durante a Conferência Latino Americana de Diabetes, que aconteceu em julho na Bahia.

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Qual a relação entre adiabete e a tuberculose?

O paciente diabético fica com seu sistema imunológico – que é a defesa do organismo – debilitado, facilitando a instalação de micro-organismos como a bactéria causadora da tuberculose. Ainda não sabemos ao certo porque justamente essa bactéria é a mais comum, mas a pessoa pode pegar qualquer outra doença infecciosa. É importante ressaltar que se a diabete estiver bem controlada, não vai funcionar como porta de entrada. Além disso a tuberculose acaba sendo um tipo de diagnóstico da diabete, porque nem sempre o paciente infectado sabe que também a tem.

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Então podemos considerar que a tuberculose está ressurgindo por causa da diabete?

Uma em cada três pessoas do mundo tem a bactéria da tuberculose no organismo, mas nem todas a desenvolve. Das que manifestam, que são 7 milhões por ano, 2,5 milhões morrem, o que é um número altíssimo para uma doença que se pensava estar sob controle. Então não é que está ressurgindo, mas é que por causa da obesidade e da má alimentação o índice de diabéticos cresce e, em consequência, as chances daquela bactéria dormente se manifestar.

Quais as regiões onde essa interação acontece mais?

Percebemos que os países da América Latina, principalmente o Brasil, México, Peru, Guatemala e Haiti estão com o número de diabéticos bastante alto e, consequentemente, também o de tuberculosos.

Qual o público de risco?

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Geralmente são homens que consomem bastante álcool e têm má alimentação. Claro que mulheres também podem ter, principalmente se estiverem muito acima do peso. O que percebemos é que quem vive em locais aglomerados e com má ventilação, como asilos, hospitais e prisões, está mais suscetível ao problema.