Entrevista

Miguel Carlos Riella, médico nefrologista presidente da Pró-Renal Brasil.

Há relação entre o diabete e a doença renal?

Diabete e hipertensão arterial são as duas principais causas de insuficiência renal crônica. Os níveis elevados de glicose danificam as artérias causando problemas cerebrais, oculares, cardíacos,vasculares periféricos e renais.

Quais tipos de diabete podem levar à doença renal?

Apenas a 1 e 2 podem ocasionar lesões nos rins. O diabete gestacional é transitório, ocorre apenas durante a gravidez, logo não é capaz de causar problemas renais.

O diabetes tipo 2, também ligado à obesidade, pode levar à insuficiência renal?

Ha relação entre o ganho de peso e o aparecimento desse tipo de diabete. Ambos os tipos, a 1 e a 2, lessam os rins igualmente.

O tratamento, no caso do paciente ter os dois problemas, deve ser feito por quem?

Nefrologista, endocrinologista e oftalmologista devem atuar em conjunto.

Como o diabético pode evitar a doença renal?

Com um rígido controle do diabete, mantendo a glicemia mais próxima do normal, controlando a pressão arterial em 130/75 ou menos e monitorando a microalbuminuria.

CARREGANDO :)

Pacientes diabéticos que não tratam corretamente a doença correm mais risco de desenvolver lesões renais. Essa constatação incentivou a Pró-Renal Brasil a lançar, no dia 11 de março – o Dia Mundial do Rim – a campanha com o tema Proteja seus rins – controle o diabete.

Para o nefrologista Miguel Riella, presidente da Pró-Renal Brasil, a insuficiência renal crônica tem uma relação direta com o diabete, o que pode ser constatado em números. "Dez por cento dos pacientes com problemas renais atendidos pela Fundação Pró-Renal Brasil são diabéticos. Nas unidades de diálise, até um terço deles tem o problema", diz ele, apontando que a doença só pode ser evitada por meio de um rígido controle do diabete.

Publicidade

Pesquisas realizadas na América do Norte, Europa e Ásia indicam que de 10% a 13% da população têm doença renal crônica e que a grande maioria não sabe disso. A combinação entre doença renal, hipertensão e diabetes é um problema de saúde pública, devido ao alto custo do tratamento, principalmente quando há perda da função dos rins. "Neste caso, a diálise e o transplante renal são as únicas formas de tratamento", afirma o médico.

Para que o diagnóstico seja feito dois exames são recomendados: o exame de sangue, capaz de mostrar se existe um aumento da creatinina, substância produzida pelos nossos músculos e totalmente filtrada pelos rins; e o exame de urina, capaz de avaliar se há perda de proteína ou albumina na urina. Qualquer alteração nestes exames exige uma investigação e, se for o caso, tratamento adequado.

Serviço:

Em Curitiba, a Pró-Renal realiza nos dias 11 e 12 de março uma Feira de Prevenção à Doença Renal com o objetivo de orientar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. Exames parciais de urina, glicemia, medição da pressão arterial serão oferecidos gratuitamente para a comunidade. A ação será na Praça Rui Barbosa e será feita em parceria com o SESC-PR.