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“Não adianta tomar a medicação e continuar com maus hábitos”. O conselho é do representante comercial Edison Oswaldo Metzker, de 64 anos. E ele sabe muito bem do que está falando. Há 10 anos, Metzker foi internado pela primeira vez devido à hipertensão, mas confessa que o tratamento não adiantou devido à dificuldade em manter uma rotina mais saudável. O resultado? “Ano passado, me senti mal e tive que fazer um cateterismo e uma angioplastia”, diz. Com isso, veio uma mudança drástica no cotidiano. “Diminuí meu ritmo de trabalho, passei a seguir a dieta à risca e faço academia três vezes por semana. Agora sei que não adianta se estressar e o melhor é prezar pela qualidade de vida" | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
“Não adianta tomar a medicação e continuar com maus hábitos”. O conselho é do representante comercial Edison Oswaldo Metzker, de 64 anos. E ele sabe muito bem do que está falando. Há 10 anos, Metzker foi internado pela primeira vez devido à hipertensão, mas confessa que o tratamento não adiantou devido à dificuldade em manter uma rotina mais saudável. O resultado? “Ano passado, me senti mal e tive que fazer um cateterismo e uma angioplastia”, diz. Com isso, veio uma mudança drástica no cotidiano. “Diminuí meu ritmo de trabalho, passei a seguir a dieta à risca e faço academia três vezes por semana. Agora sei que não adianta se estressar e o melhor é prezar pela qualidade de vida"| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Causas e complicações

Veja quem tem mais chances de desenvolver a doença e quais são suas consequências:

Danos

> Rins: pode causar enfarte e insuficiência renal

> Olhos: causa desde perda visual até cegueira

> Cérebro: a consequência mais grave é o AVC

> Coração: entupimento das artérias coronárias (enfarte do miocárdio) e dilatação do músculo do coração (insuficiência cardíaca)

> Vasos sanguíneos: aneurismas, gangrenas e predisposição à arterosclerose (placas que obstruem a circulação sanguínea)

Riscos

> Herança genética

> Obesidade ou sobrepeso

> Sedentarismo

> Fumo

> Alcoolismo

> Alta ingestão de sódio na alimentação

> Diabete

> Estresse

Alimentação

Escolher o que comer é um ponto importante para a prevenção e o controle da hipertensão. Confira algumas dicas que podem tornar seus hábitos mais saudáveis.

Um assunto, muitas perguntas

Apesar de ser uma velha conhecida dos brasileiros, a hipertensão ainda gera muitas dúvidas. As principais são relacionadas à real eficiência da medição de pressão em casa, aos riscos de consumir sódio em excesso e à frequência necessária de exercícios físicos para evitar a doença.

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Cada vez mais cedo

Antes conhecida como uma doença típica dos idosos, hoje a hipertensão atinge pessoas em todas as fases de vida. "Há uma ligação entre o envelhecimento e o surgimento dos casos de hipertensão e, entre a população acima dos 60 anos, cerca de 50% tem a doença, mas ela começa cedo e hoje é cada vez mais recorrente entre crianças e adolescentes, com uma incidência de aproximadamente 5%", comenta o cardiologista Marcus Malachias.

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  • Bolachas recheadas, salgadinhos, massas, batatas fritas, pães e queijos em excesso. Segundo a balconista Eva Ferreira, esses eram os ingredientes principais da alimentação de seu filho, Wendell Gabriel de Oliveira, 5 anos, até ser diagnosticado com hipertensão há cerca de três anos. A doença é fruto da combinação entre herança genética e uma série de maus hábitos.
  • Diagnosticada com hipertensão há mais de dez anos, a despachante marítimo Janerlei Aparecida Burlinski, de 42 anos, sempre tomou os remédios para a doença, mas escorregava na hora de manter a dieta em dia. O susto veio no fim do ano passado quando ela descobriu que seu filho caçula, Gabriel, de 8 anos, também tinha a doença. Para controlar o problema, o menino passou a tomar medicação, e agora segue dieta rígida e faz academia. Tanta disciplina acabou contagiando a mãe.
  • Confira lista com alguns alimentos que têm quantidade reduzida de sódio

Enfarte do miocárdio, insuficiência renal e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Você faz ideia do que essas doenças têm em comum? Além de serem graves e, em vários casos, poderem levar o paciente à morte, elas são as consequências mais comuns da hipertensão não tratada. "A pressão alta não mata, mas desgasta o organismo e é ponto de partida para uma série de problemas que podem ser fatais", explica o cardiologista Alexandre Alessi, professor de Medicina da Uni­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR) e médico do Hospital Nossa Senhora das Graças.

A situação é séria. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 30% da população brasileira adulta têm a doença, sendo que somente 10% seguem à risca o tratamento e têm sua pressão arterial realmente controlada. O resultado dessa displicência? Uma redução drástica na qualidade e expectativa de vida. "Um estudo do Ministério da Saúde mostrou que a maior causa de mortes no Brasil são as doenças cardiovasculares, entre elas AVC e enfarte, com 30% dos casos. Para se ter uma idéia, o câncer, um problema tão temido pelos brasileiros, está em terceiro lugar com 9%", diz Marcus Bolivar Malachias, presidente do departamento de Hipertensão da SBC.

A partir desses dados, é fácil notar como os números da hipertensão são assustadores. Cerca de 60% dos casos de AVC acontecem devido à hipertensão e metade dos enfartes têm a pressão alta como causa. "Parece inacreditável, mas a cada quatro minutos uma pessoa no Brasil morre em decorrência de doenças causadas pela pressão alta", comenta.

Se os dados inspiram tanto medo, os especialistas são unânimes: a hipertensão tem controle muito fácil e mudanças de hábito, como reduzir a ingestão de sódio e fazer exercícios físicos regularmente, são eficientes para diminuir os problemas gerados pela doença. "Prevenir é a melhor coisa a fazer, pois garante que a pessoa não terá problemas em decorrência da pressão alta e ainda evitará outras doenças graves, como diabete e obesidade", diz Alessi.

O que é

A hipertensão é caracterizada por um aumento anormal da contração da parede das artérias, gerando um aumento na pressão exercida pelo sangue nesses vasos sanguíneos. Em geral, a doença é diagnosticada quando a medida da pressão arterial da pessoa está acima de 14 por 9. O primeiro número representa a pressão sistólica, valor máximo de pressão atingido quando o coração se contrai para bombear o sangue para o restante do corpo, enquanto o segundo se refere à pressão diastólica, aquela exercida quando o coração está relaxado e as artérias continuam se contraindo para facilitar o trajeto do sangue pelo corpo.

A doença é prejudicial porque esse aumento da pressão exercida pelo sangue nas artérias gera danos para a circulação e para os órgãos irrigados. "Como a pressão é muito alta, o coração tem trabalho redobrado para bombear o sangue. Com isso, sua parede fica mais espessa que o normal, ele fica cada vez mais fraco e pode resultar em um quadro de insuficiência cardíaca", explica Marcos Bubna, médico cardiologista do Hospital Costantini.

Nos rins, o efeito também é maléfico. "Com a hipertrofia do coração, há uma sobrecarga de trabalho dos rins, causando um estreitamento das artérias renais e, em algum tempo, falhas em seu funcionamento, exigindo que a pessoa passe a fazer hemodiálise", afirma a nefrologista pediátrica Lucimary de Castro Sylvestre, coordenadora do ambulatório de hipertensão do Hospital Pequeno Príncipe.

Silêncio

Se você não mede sua pressão arterial regularmente, fique atento: são grandes as chances de você ter hipertensão e não saber. Segundo Bubna, como a doença não gera sintomas, esse tipo de caso é muito comum e cerca de 90% dos hipertensos não manifestam qualquer sinal. "Em geral, as pessoas descobrem durante um check-up ou procuram o médico por causa de outro problema e acabam descobrindo que sua pressão está alterada", diz.

De acordo com Dante Giorgi, médico-assistente da unidade de hipertensão do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo e conselheiro da Sociedade Brasileira de Hiper­tensão (SBH), isso é um problema tanto na hora de identificar a doença como no convencimento dos pacientes sobre a necessidade de tomarem a medicação adequada de forma contínua. "O que mais acontece é que a pessoa se sente bem, não manifesta qualquer dor, e decide suspender o tratamento por conta própria, o que pode ter consequências muito sérias", afirma.

Mudanças

Apesar de bastante grave, a hipertensão tem formas de prevenção que exigem uma boa dose de esforço, mas são bem simples. "Basta a pessoa manter seu peso ideal, ter uma dieta alimentar equilibrada com consumo regular de frutas, verduras e legumes, evitar o excesso de sal na comida, diminuir suas fontes de estresse, parar de fumar e de consumir bebidas alcoólicas em excesso e fazer exercícios regularmente", diz Bubna.

Não há pílula mágica contra a hipertensão. O tratamento em geral é focado nessas mesmas mudanças de hábitos. "Somente em casos muito graves começamos o tratamento com medicação, mas, na maioria das vezes, ter hábitos de vida mais saudáveis é a chave do sucesso para conter a pressão alta, tomar uma quantidade menor de remédios e ter mais qualidade de vida", comenta Alessi.

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Interatividade

Não perca o bate-papo online com o médico cardiologista Luiz Fernando Kubrusly, diretor clínico do Hospital Vita Batel, e a nutricionista do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR Denise Johnsson Amaral. O chat será nesta quarta-feira, às 16 horas, no site www.gazetadopovo.com.br/saude.

Envie sua dúvidas para o email projetosespeciais@gazetadopovo.com.br.

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