Cuide-se
Para prevenir a trombose, fique atento a algumas recomendações:
- Procure um médico para saber se você pertence ao grupo de risco, porque existem medidas preventivas que podem ser adotadas.
- Nas situações em que necessite permanecer sentado por muito tempo, procure movimentar os pés.
- Quando tiver de ficar muito tempo em pé e parado, mova-se como se estivesse andando sem sair do lugar.
- Quando permanecer acamado, faça movimentos com os pés e as pernas. Se necessário, solicite ajuda de alguém.
- Evite fumar e controle o peso.
- Se você necessita fazer uso de hormônios e já teve trombose ou tem histórico familiar de trombose, consulte regularmente seu médico.
- Use meia elástica se seu tornozelo incha com freqüência.
Prevenção nos leitos
Mais da metade dos pacientes internados em hospitais correm o risco de desenvolver trombose venosa. Foi o que revelou um estudo feito com 60 mil pacientes em 32 países. No Brasil, 52% dos hospitalizados estão propensos a sofrer com a doença. No Paraná, esse número é um pouco maior: 56% foi o índice do Hospital das Clínicas, instituição analisada no estudo.
"Recomendamos que pacientes com mais de 40 anos e que estejam na cama há mais de três dias recebam tratamento preventivo, com exercícios e exames", diz o cirurgião vascular e coordenador do estudo no Paraná, Jorge Timi. A pesquisa mostrou também que 5% dos médicos não têm conhecimento sobre o tema e que 40%, apesar de conhecerem, não fazem a prevenção de forma correta.
Há três anos, Carmem Maraccini, de 69 anos, caiu da escada de casa e fraturou o principal osso do tornozelo. Por conta da queda, precisou ficar meses imobilizada. "Foi então que comecei a sentir dores em uma das pernas. Percebi também que ela estava inchada e vermelha", conta. Carmem procurou o médico, que pediu exames e detectou que ela estava com trombose, uma doença silenciosa e muitas vezes assintomática, mas que pode levar à morte.
"Trombose é a formação de um coágulo sanguíneo que bloqueia a veia", explica o médico Jorge Timi, chefe do serviço de cirurgia vascular do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, a doença é freqüente em pessoas que ficam imobilizadas por períodos longos porque, sem movimentos, o sangue corre mais lentamente a ponto de permitir a formação de coágulos. "Em 80% dos casos, ela não apresenta sintomas. A complicação mais grave é a embolia pulmonar quando a trombose fica parada no pulmão , que pode levar ao bloqueio parcial ou total das artérias pulmonares e, inclusive, à morte. Essa é a principal causa das mortes súbitas nos hospitais", alerta Timi.
Diagnóstico e tratamento
A doença pode se desenvolver em pessoas que têm uma tendência maior de solidificar o sangue, ou seja, pessoas que têm o que se chama popularmente de "sangue grosso". "Esse fator pode ser genético ou desencadeado por doenças como o câncer e pelo uso de remédios como anticoncepcionais", diz o cirurgião vascular Márcio Miyamotto, do Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba. Os traumatismos na veias qualquer fator que provoque lesão na camada interna do vaso, como batidas, injeções, cateterismo, infecções também podem desencadear a trombose.
De acordo com o cirurgião vascular do HC, a doença pode ser completamente assintomática ou apresentar sintomas como dor, inchaço e aumento da temperatura nas pernas, coloração vermelho-escura ou arroxeada e endurecimento da pele. "As pessoas com histórico de trombose na família e com varizes devem ficar alertas", diz Timi. O diagnóstico é feito por meio do exame de ultra-som dos vasos sanguíneos.
O uso da meia calça elástica e de medicamentos anticoagulantes são as principais formas de tratar a enfermidade. "A meia elástica alivia a pressão nas pernas e evita a formação de varizes e até mesmo úlceras nas pernas. Já os anticoagulantes servem para conter o crescimento e o deslocamento do coágulo", diz Miyamotto. O médico alerta, no entanto, que pacientes que passaram recentemente por cirurgias cranianas e oftalmológicas não podem usar os anticoagulantes. "Nesses casos, o paciente precisa colocar um filtro na veia cava inferior, que recebe todo o sangue das pernas. Antes de chegar ao pulmão esse sangue precisa ser filtrado", explica.
Já para as tromboses mais graves, há no mercado um novo método. "O tratamento trombolítico consiste na aplicação de medicações por via endovenosa que desfazem o coágulo", explica Miyamotto.