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Maria Alejandra: dez dias afastada do trabalho após o diagnóstico de varicela | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Maria Alejandra: dez dias afastada do trabalho após o diagnóstico de varicela| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Verdade e mentira

Desfaça alguns mitos da varicela:

- Crianças vacinadas nunca desenvolvem a doença?

Mentira. Apesar de a vacina contra a varicela ser muito eficaz, de 8% a 10% das crianças vacinadas desenvolvem a doença, segundo médicos infectologistas.

- Os contaminados pelo vírus da varicela podem tomar qualquer medicamento?

Mentira. Os infectados costumam apresentar febre, mas não devem tomar aspirina para baixar a temperatura. Os outros medicamentos antitérmicos podem ser usados com orientação médica.

- A varicela é mais severa entre os adultos?

Verdade. Por ter um sistema imunológico mais bem estruturado, o adulto desenvolve um processo inflamatório mais grave quando é infectado pelo vírus da varicela.

- O "cobreiro’’ é uma forma da doença?

Verdade. A varicela-zóster – mais conhecida como "cobreiro’’ é a manifestação do vírus da catapora em alguém que já teve a doença. O vírus fica parado por anos em algum nervo e volta se manifestar, sobretudo em situações de baixa imunidade.

Mal requer atenção do pediatra

Em palestra apresentada no fim de agosto no 3.º Congresso Inter­nacional de Especialidades Pediá­tricas, em Curitiba, o médico americano Gary Webb afirmou que pacientes adultos com doenças cardíacas congênitas (DCC) devem receber tratamento em hospitais pediátricos. Isso porque o número de pessoas que nascem com o problema e chegam na fase adulta é cada vez mais alto. Nos Estados Unidos, segundo o médico, o índice de portadores de DCC que sobreviviam em 1965 era de 30%. Hoje, já atinge 60%.

"Os cardiologistas de adultos, geralmente, são mais familiarizados com as doenças adquiridas, como hipertensão, arteriosclerose, entre outras. O pediatra acompanha a pessoa com doença cardíaca congênita desde os primeiros dias de vida até os seus 16 anos e tem mais condições de acompanhar o paciente", diz o cirurgião cardiovascular do Hospital Pequeno Prín­­cipe Leo­­nardo Mulinari.

Idade adulta

Hoje, no país, segundo Mulinari, não existe um centro específico pa­­ra tratar cardiopatas que chegam à idade adulta, nem uma ligação en­­tre o serviço pediátrico e de adultos, como ocorre nos EUA. "Excep­cio­­nalmente, já operei adultos na faixa dos 30 anos em hospital pediátrico. Mas isso é raro. A internação do pa­­ciente adulto requer uma infraestrutura e adaptações diferentes". Apesar de alguns cirurgiões pediátricos atenderem os cardiopatas congênitos adultos em consultórios particulares, é necessário, de acordo com o médico, que os hospitais e o sistema de saúde pensem em um serviço específico para esses pa­­cientes. "É um problema mundial. Há cada vez mais pessoas adultas carentes desse tipo de atendimento". (IR)

Quem acha que varicela, caxumba e rubéola são doenças somente de criança, engana-se: há cada vez mais adultos chegando aos consultórios médicos com sintomas de problemas típicos da infância. A explicação para isso, além do fato de não ter adquirido a doença quando criança, é a baixa imunidade, que facilita a contaminação por vírus. Apesar de serem problemas considerados simples nos pequenos, no adulto as doenças podem levar a complicações mais sérias como problemas pulmonares, pancreatite, inflamações nas mucosas e até esterilidade, no caso da caxumba.

"O vírus da caxumba pode se alojar no pâncreas, ovários e testículos, levando a uma inflamação. Por isso o homem corre o risco de ficar estéril quando tem a doença na fase adulta. Com a varicela, os problemas extras também surgem por causa do vírus", explica a clínica-geral do Hospital das Nações Juliana Varassin. Os sintomas das doenças, que geralmente incluem febre e feridas na pele, costumam ser mais intensos e incômodos do que nas crianças, por causa da resposta imunológica do organismo. "A criança tem uma tolerância maior contra essas infecções, pois o organismo não reage tão intensamente. No adulto é o contrário", diz Ro­­drigo Barth, infectologista do Hos­­pital Milton Muricy.

O infectologista pediátrico do Hos­­pital Pequeno Príncipe Victor Ho­­rácio da Costa afirma que, en­­tre todas as doenças da infância, a mais recorrente entre adultos nos consultórios médicos tem sido a varicela (popularmente conhecida como catapora). A mudança de comportamento do vírus, segundo ele, é a principal causa. "Ele (o vírus) está se tornando mais resistente e aparece porque parte desses adultos não receberam a vacina e nem tiveram a doença quando crianças". No Paraná, dados da Se­­cretaria de Estado da Saúde apontam crescimento de 14,69% no número de casos de varicela. Fo­­ram 10.381 em 2009, contra 11.906 até o início de setembro deste ano.

Outra hipótese para a maior contaminação, segundo o médico Rodrigo Barth, é a menor exposição ao vírus. "Há 40 anos, todo mundo tinha varicela na infância. A medida que diminuiu o contato com o vírus e as condições de higiene melhoraram, muitas pessoas não pegaram a doença e se tornaram adultos mais suscetíveis". Além disso, a varicela é altamente contagiosa. "O infectado pode transmitir três dias antes do aparecimento de qualquer sintoma até cinco dias depois do surgimento das lesões. Por isso é necessário isolar o pa­­ciente e não deixar que ele tenha contato com gestantes, crianças ou pessoas que nunca tiveram a doença", orienta Costa.

Susto

A cientista política Maria Ale­­jandra Nicolas, 32 anos, teve varicela em junho deste ano e precisou ficar dez dias fora do trabalho. Fora o desconforto da febre alta e das feridas na pele, ela não foi diagnosticada com a doença na hora. "Tive febre alta num fim de semana e as feridas saíram na cabeça. Não dei muita importância e fui ao médico depois do expediente. O médico disse que poderia ser catapora, mas não me deu certeza absoluta. Cogitei ser alergia de uma sopa de camarão que comi". Medicada com um antialérgico e antitérmico, Maria acordou pior no outro dia. "Voltei para o pronto-socorro e, na hora, o mé­­dico disse que eu estava com a doença. Até chamaram um dos pediatras de plantão para confirmar", conta.

Na hora de encontrar o medicamento, a cientista política também teve dificuldades, já que o remédio era específico para crianças, mas com dosagem mais alta. "Depois de ligar para muitas farmácias acabei encontrando. Fiz exames de sangue e continuei com a medicação, mas demorou bastante para eu melhorar. As bolhas incomodam muito quando secam, dormia de luvas para não coçar. Me atrapalhou bastante".

Segundo o infectologista do Pequeno Príncipe, a varicela e outras doenças da infância são de fácil diagnóstico. "Não tem como confundir. O clínico-geral está apto para detectar e fazer o tratamento, que é realizado com antitérmico, anti-histamínico para diminuir o prurido e com antibiótico em alguns casos". A médica Juliana Varassin recomenda observação maior para adultos. "Paciente com varicela que começa com tosse e dor toráxica é sinal de complicações. Em alguns casos, a internação é necessária".

Vacina

A vacina pode ser feita na fase adulta por quem não enfrentou o problema ou não foi imunizado na infância. "Apesar de no adulto a eficácia da vacina depender da resposta imunológica, refazer a dose ajuda", diz Barth.

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