Verdade e mentira
Desfaça alguns mitos da varicela:
- Crianças vacinadas nunca desenvolvem a doença?
Mentira. Apesar de a vacina contra a varicela ser muito eficaz, de 8% a 10% das crianças vacinadas desenvolvem a doença, segundo médicos infectologistas.
- Os contaminados pelo vírus da varicela podem tomar qualquer medicamento?
Mentira. Os infectados costumam apresentar febre, mas não devem tomar aspirina para baixar a temperatura. Os outros medicamentos antitérmicos podem ser usados com orientação médica.
- A varicela é mais severa entre os adultos?
Verdade. Por ter um sistema imunológico mais bem estruturado, o adulto desenvolve um processo inflamatório mais grave quando é infectado pelo vírus da varicela.
- O "cobreiro é uma forma da doença?
Verdade. A varicela-zóster mais conhecida como "cobreiro é a manifestação do vírus da catapora em alguém que já teve a doença. O vírus fica parado por anos em algum nervo e volta se manifestar, sobretudo em situações de baixa imunidade.
Mal requer atenção do pediatra
Em palestra apresentada no fim de agosto no 3.º Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas, em Curitiba, o médico americano Gary Webb afirmou que pacientes adultos com doenças cardíacas congênitas (DCC) devem receber tratamento em hospitais pediátricos. Isso porque o número de pessoas que nascem com o problema e chegam na fase adulta é cada vez mais alto. Nos Estados Unidos, segundo o médico, o índice de portadores de DCC que sobreviviam em 1965 era de 30%. Hoje, já atinge 60%.
"Os cardiologistas de adultos, geralmente, são mais familiarizados com as doenças adquiridas, como hipertensão, arteriosclerose, entre outras. O pediatra acompanha a pessoa com doença cardíaca congênita desde os primeiros dias de vida até os seus 16 anos e tem mais condições de acompanhar o paciente", diz o cirurgião cardiovascular do Hospital Pequeno Príncipe Leonardo Mulinari.
Idade adulta
Hoje, no país, segundo Mulinari, não existe um centro específico para tratar cardiopatas que chegam à idade adulta, nem uma ligação entre o serviço pediátrico e de adultos, como ocorre nos EUA. "Excepcionalmente, já operei adultos na faixa dos 30 anos em hospital pediátrico. Mas isso é raro. A internação do paciente adulto requer uma infraestrutura e adaptações diferentes". Apesar de alguns cirurgiões pediátricos atenderem os cardiopatas congênitos adultos em consultórios particulares, é necessário, de acordo com o médico, que os hospitais e o sistema de saúde pensem em um serviço específico para esses pacientes. "É um problema mundial. Há cada vez mais pessoas adultas carentes desse tipo de atendimento". (IR)
Quem acha que varicela, caxumba e rubéola são doenças somente de criança, engana-se: há cada vez mais adultos chegando aos consultórios médicos com sintomas de problemas típicos da infância. A explicação para isso, além do fato de não ter adquirido a doença quando criança, é a baixa imunidade, que facilita a contaminação por vírus. Apesar de serem problemas considerados simples nos pequenos, no adulto as doenças podem levar a complicações mais sérias como problemas pulmonares, pancreatite, inflamações nas mucosas e até esterilidade, no caso da caxumba.
"O vírus da caxumba pode se alojar no pâncreas, ovários e testículos, levando a uma inflamação. Por isso o homem corre o risco de ficar estéril quando tem a doença na fase adulta. Com a varicela, os problemas extras também surgem por causa do vírus", explica a clínica-geral do Hospital das Nações Juliana Varassin. Os sintomas das doenças, que geralmente incluem febre e feridas na pele, costumam ser mais intensos e incômodos do que nas crianças, por causa da resposta imunológica do organismo. "A criança tem uma tolerância maior contra essas infecções, pois o organismo não reage tão intensamente. No adulto é o contrário", diz Rodrigo Barth, infectologista do Hospital Milton Muricy.
O infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe Victor Horácio da Costa afirma que, entre todas as doenças da infância, a mais recorrente entre adultos nos consultórios médicos tem sido a varicela (popularmente conhecida como catapora). A mudança de comportamento do vírus, segundo ele, é a principal causa. "Ele (o vírus) está se tornando mais resistente e aparece porque parte desses adultos não receberam a vacina e nem tiveram a doença quando crianças". No Paraná, dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam crescimento de 14,69% no número de casos de varicela. Foram 10.381 em 2009, contra 11.906 até o início de setembro deste ano.
Outra hipótese para a maior contaminação, segundo o médico Rodrigo Barth, é a menor exposição ao vírus. "Há 40 anos, todo mundo tinha varicela na infância. A medida que diminuiu o contato com o vírus e as condições de higiene melhoraram, muitas pessoas não pegaram a doença e se tornaram adultos mais suscetíveis". Além disso, a varicela é altamente contagiosa. "O infectado pode transmitir três dias antes do aparecimento de qualquer sintoma até cinco dias depois do surgimento das lesões. Por isso é necessário isolar o paciente e não deixar que ele tenha contato com gestantes, crianças ou pessoas que nunca tiveram a doença", orienta Costa.
Susto
A cientista política Maria Alejandra Nicolas, 32 anos, teve varicela em junho deste ano e precisou ficar dez dias fora do trabalho. Fora o desconforto da febre alta e das feridas na pele, ela não foi diagnosticada com a doença na hora. "Tive febre alta num fim de semana e as feridas saíram na cabeça. Não dei muita importância e fui ao médico depois do expediente. O médico disse que poderia ser catapora, mas não me deu certeza absoluta. Cogitei ser alergia de uma sopa de camarão que comi". Medicada com um antialérgico e antitérmico, Maria acordou pior no outro dia. "Voltei para o pronto-socorro e, na hora, o médico disse que eu estava com a doença. Até chamaram um dos pediatras de plantão para confirmar", conta.
Na hora de encontrar o medicamento, a cientista política também teve dificuldades, já que o remédio era específico para crianças, mas com dosagem mais alta. "Depois de ligar para muitas farmácias acabei encontrando. Fiz exames de sangue e continuei com a medicação, mas demorou bastante para eu melhorar. As bolhas incomodam muito quando secam, dormia de luvas para não coçar. Me atrapalhou bastante".
Segundo o infectologista do Pequeno Príncipe, a varicela e outras doenças da infância são de fácil diagnóstico. "Não tem como confundir. O clínico-geral está apto para detectar e fazer o tratamento, que é realizado com antitérmico, anti-histamínico para diminuir o prurido e com antibiótico em alguns casos". A médica Juliana Varassin recomenda observação maior para adultos. "Paciente com varicela que começa com tosse e dor toráxica é sinal de complicações. Em alguns casos, a internação é necessária".
Vacina
A vacina pode ser feita na fase adulta por quem não enfrentou o problema ou não foi imunizado na infância. "Apesar de no adulto a eficácia da vacina depender da resposta imunológica, refazer a dose ajuda", diz Barth.
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