"Saber que a sua irmã tem leucemia...o mundo cai", traduz a empresária Aurélia Rodriguez, resumindo aquele momento após desligar o telefone. Sua irmã, Teresa, tinha os gânglios do pescoço inchados, sentia cansaço e falta de ar. Por isso, foi ao hospital fazer um check-up.
"Ela me contou pelo telefone. Foi repentino. Ninguém imaginou que ela pudesse estar com a doença", conta Aurélia. A leucemia é um câncer que atinge a medula óssea e, para cada um de seus tipos, existe uma indicação de tratamento específico.
Aurélia sabia da gravidade da doença, que foi diagnosticada na irmã aos 51 anos, em setembro do ano passado. "Uns dois anos antes, eu conheci um rapaz com o mesmo problema. Mas ele não conseguiu um doador de medula e faleceu. Depois conheci mais três pessoas. E só uma sobreviveu, porque conseguiu fazer o transplante", comenta. A chance de encontrar um doador compatível, segundo o Instituto Nacional de Câncer, é apenas uma em cem mil.
Como Teresa não reagiu da forma esperada à quimio e radioterapia, sua única alternativa seria o transplante. Foi aí que as estatísticas falaram mais alto. Irmãos, em geral, têm cerca de 30% de probabilidade de serem compatíveis nesses casos. Após um exame de sangue, feito em fevereiro, duas das três irmãs foram consideradas aptas. Aurélia era a única que morava no Brasil. Como a família é toda do Chile, ela foi a escolhida para o transplante. "Queria muito ser a doadora. Mas a espera para saber se minha medula era compatível é angustiante e também o medo de não dar certo."
Vencida a primeira etapa, Aurélia passou por uma bateria de exames. O transplante foi realizado em maio. "No dia da cirurgia, eu tomei uma anestesia, apaguei e não senti nada", diz. A medula óssea é retirada do interior dos ossos da bacia e se recompõe em aproximadamente duas semanas. A internação é de 24 horas.
"A cirurgia não tem nada a ver com a coluna, como as pessoas acreditam. Ninguém fica tetraplégico", conta. Após a operação, ela não teve enjoo, tontura, nem precisou tomar remédio para dor ou fazer curativo em casa. "Fiquei com pontinhos pequenos na parte de trás das costas e sensível por dois dias. Sabe quando você bate alguma parte do corpo e lembra no outro dia? Passa rápido."
Hoje, sua irmã Teresa está em casa, se recuperando e, aos poucos, retoma a profissão de advogada. "Se você pensar bem, para quem doa são só dois dias de desconforto. É tão pouco. Já para quem recebe, é a vida. É a vida dela."
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