O que é?
Doença afeta cerca de 4 milhões de brasileiros
A epilepsia é uma doença que ocorre em função de desordens nas cargas elétricas dos neurônios. Os indivíduos que sofrem do mal podem aparentar uma falta de atenção momentânea ou até sofrer convulsões. Na maioria dos casos, não há predisposição genética para a doença. "Tumores cerebrais, infecções do sistema nervoso, alterações vasculares e traumatismos cranianos podem ser suas causas", diz Murilo Meneses, neurocirurgião do Instituto de Neurologia de Curitiba. Cerca de quatro milhões de brasileiros (2% da população) sofrem do problema, segundo dados da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). No país, surgem por ano aproximadamente 150 mil novos casos.
Uma doença rara, uma operação delicada e uma vida que recomeça cheia de esperanças. Aos 4 anos, Thayanny foi diagnosticada como portadora da Síndrome de Rasmussen, um tipo raro de epilepsia de efeito devastador, que compromete por inteiro um dos dois hemisférios do cérebro. Este problema pode causar paralisia em um lado do corpo (hemiparesia), crises epiléticas frequentes, afetar progressivamente regiões do cérebro responsáveis pela memória, inteligência e raciocínio e até levar a pessoa à morte.
A mãe da criança, a técnica de enfermagem Francielle Cristina dos Santos, conta que a filha chegava a ter sete ataques epiléticos por dia. "Por cerca de um ano eu e meu marido não conseguimos dormir, pois muitos dos ataques ocorriam à noite", lembra. No início deste ano, uma ressonância magnética constatou uma lesão cerebral. Dois dias depois, o neuropediatra avaliou a garota e informou que o caso era complexo e que dificilmente um tratamento com remédios resolveria o quadro. Mais exames e ficou constatada a necessidade de uma intervenção cirúrgica.
Segundo o neurocirurgião que operou a garota, Murilo Meneses, as cirurgias no cérebro são sempre complicadas, mas, no caso da menina portadora da Síndrome de Rasmussen, não havia outra solução. "Cerca de 30% dos pacientes que sofrem de epilepsia são refratários, ou seja, não respondem aos tratamentos com medicamentos. Nestes casos, se constatada a necessidade e a possibilidade da intervenção cirúrgica, não há outra solução", diz ele, que é chefe da Unidade de Cirurgia de Epilepsia do Instituto de Neurologia de Curitiba.
Cirurgia
A criança foi operada no começo de fevereiro com a utilização de uma técnica que consiste no uso de um neuronavegador que mapeia o cérebro do paciente. O processo é chamado de hemisferotomia e consiste no desligamento das conexões entre o hemisfério cerebral doente com o restante do sistema nervoso. "Acredito que outras cirurgias como esta possam ter sido feitas no Brasil, mas em um paciente tão jovem e com esta técnica tão moderna, creio que seja inédito", destaca. Ele lembra que, no passado, a única solução possível para estes casos era a retirada de todo o hemisfério cerebral doente, o que gerava a paralisia definitiva de um dos lados do corpo.
A idade da paciente foi fundamental para o sucesso da operação. Segundo Meneses, o cérebro de uma criança tem mais condições de recuperar as funções cognitivas e os movimentos do que o de um adulto que passa pela mesma cirurgia. Francielle comenta que 22 dias após a cirurgia a filha começou a dar os primeiros passos. "Hoje ela está falando, andando, recuperou os movimentos do braço esquerdo e começa a movimentar os dedos", comemora a mãe. Além disso, ela não teve mais ataques epiléticos.
Acompanhamento
O tratamento agora segue com fisioterapia três vezes por semana, além de novas avaliações do neuropsicólogo. A garota também deve continuar tomando remédios pelos próximos dois anos, mas, para a mãe, o pior já passou. "Minha sensação de alívio é indescritível", diz. Segundo Meneses, não é possível precisar ainda se ela terá sequelas, mas, com os avanços significativos, pouco tempo após a cirurgia, ele aposta que a menina terá uma vida completamente normal.
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