Além de fatores ambientais e comportamentais, como presença de flúor na água e escovação, a genética também influencia no desenvolvimento de cáries nos dentes. Essa é a ideia formalizada pela tese de doutorado sanduíche em Ciências da Saúde da dentista Renata Iani Werneck, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Université René Descartes, de Paris (França). A pesquisa foi desenvolvida sob orientação do geneticista e professor do doutorado Marcelo Távora Mira e da professora de Odontologia Paula Trivilatto, da PUCPR.
Apresentada em fevereiro deste ano, a pesquisa durou três anos e teve como objeto de estudo uma comunidade paraense, afastada da sociedade na década de 1920 para controle da lepra e que ainda permanece isolada: a Colônia Santo Antônio do Prata. Renata percebeu que todos tinham os mesmos hábitos alimentares, nenhum ingeria água fluoretada e todos escovavam os dentes da mesma maneira. Entretanto, alguns desenvolviam cáries e outros não. "Em uma eliminação de modelos matemáticos, Renata chegou ao que contava com a genética. Alguns nasciam com tendência a desenvolver a doença. Isso significa que a cárie é uma doença complexa, porque pode ser desencadeada por fatores genéticos, ambientais, habituais e econômicos", conta Mira.
De acordo com os pesquisadores, o objetivo é auxiliar na prevenção. "Quando soubermos quais são os genes se compõem a saliva, o esmalte do dente ou outra estrutura, poderemos procurá-los nos pacientes. Aqueles com pré-disposição, poderão ser orientados a tomar mais cuidado, ir com mais frequência ao dentista, escovar os dentes mais vezes. Acredito que esse será o futuro", diz Renata. "Mas, para descobrir quais são os genes, várias experiências precisam ser feitas, com diferentes populações", analisa. "Acredito que ainda temos uns dez anos pela frente, contando com o esforço de vários pesquisadores", diz o orientador da pesquisa.
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