São Paulo - Vale a pena priorizar crianças e adolescentes nas campanhas de vacinação contra a gripe suína, segundo um estudo publicado ontem por pesquisadores canadenses no Journal of the American Medical Association (Jama). Segundo o trabalho, a imunização de estudantes reduz em cerca de 60% a ocorrência de influenza A na comunidade. As crianças vacinadas não sofrem contágio na escola e, dessa forma, não levam o vírus para casa. O efeito é conhecido pelos epidemiologistas como "imunidade de rebanho", pois a vacinação de um grupo também protege os demais membros da comunidade.

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Os cientistas investigaram 49 colônias huteritas, um grupo protestante surgido no século 16 que costuma se organizar em pequenos povoados rurais relativamente isolados. Em 25 colônias, as crianças e os adolescentes de 3 a 15 anos foram imunizados contra gripe sazonal. Nas demais comunidades, crianças e adolescentes receberam vacina contra hepatite A.

Os pesquisadores acompanharam 3.272 pessoas de todas as colônias durante sete meses e, quando surgia um caso suspeito de gripe, realizavam testes laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Por fim, constataram que, nas comunidades onde os estudantes receberam a vacina contra gripe, 4,5% das pessoas contraíram a doença. Nas outras colônias, a prevalência mais que dobrou, indo a 10,6%.

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"Escolhemos colônias isoladas porque seria muito difícil medir o mesmo efeito em populações maiores", disse o principal autor do trabalho, Mark Loeb, da Universidade McMaster. O trabalho começou em outubro de 2008 e terminou em junho do ano passado. Não foi projetado para considerar o efeito da gripe suína, que ganhou notoriedade em abril. Mesmo assim, especialistas afirmam que uma estratégia semelhante ajudaria no combate à pandemia.

No Brasil, a campanha de vacinação contra gripe suína não vai ofe­­­­recer imunização gratuita para pes­soas de 3 a 19 anos. Questionado pela reportagem, o Mi­­nis­tério da Saúde afirma que a cam­panha de vacinação não pretende con­ter a pandemia – algo que já seria impossível –, mas evitar os casos graves.