• Carregando...
Após recuperação, Lívia quer voltar a cursar Medicina em Minas Gerais | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Após recuperação, Lívia quer voltar a cursar Medicina em Minas Gerais| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Leucemia

É um tipo de câncer que se origina na medula óssea e atinge as células do sangue.

Medula óssea

É um tecido líquido localizado no interior dos ossos e responsável por produzir os componentes do sangue.

Tipos de leucemia

O principal é a linfoblástica aguda, que afeta mais crianças e tem 80% de cura. Nos adultos, a mais frequente é a mieloide aguda. Um exame de morfologia do tumor é capaz de diferenciar os tipos.

Formas de tratamento

Há três possibilidades: aplicação de quimioterapia, transplante autogênico (com células do próprio paciente) ou transplante alogênico (com doador).

Quimioterapia

É um tipo de terapia na qual são usadas substâncias para frear o mecanismo de divisão celular do tumor e destruir as células que formam o nódulo.

Fonte: Eduardo Munhoz, médico hematologista do Hospital Erasto Gaertner.

Basta conversar por alguns minutos com a estudante Lívia Martins Santos, 19 anos, para descobrir que ela é do tipo que adora rir e não consegue parar quieta. Porém, o sorriso fácil esconde uma batalha contra a leucemia. No segundo semestre de 2010, a vida de Lívia teve uma reviravolta. Depois de realizar o sonho de passar no vestibular de Medicina, ela foi morar em Belo Horizonte para fazer o curso. Lá, descobriu que tinha leucemia linfoide aguda e voltou a Curitiba para fazer o tratamento perto da família.

>>> Confira trechos da entrevista com Lívia

Fez quimioterapia, estudou sozinha e, no final de 2011, passou em dois vestibulares: Psicologia e Jornalismo. Além disso, Lívia mantém um blog em que conta um pouco do seu dia a dia e a experiência com a doença e faz campanhas para sensibilizar doadores de sangue. O resultado? Já reuniu mais de 1,5 mil doadores pelo Facebook. Tudo isso sem perder a confiança em sua própria recuperação.

"A leucemia foi a maior experiência da minha vida e escolhi passar por ela da melhor forma possível. Escolhi confiar e lutar pela minha saúde. Sem dúvida, a doença veio para mudar minha vida para sempre", diz.

Lívia lembra que os primeiros sintomas vieram logo depois da mudança para Minas, quando começou a sentir tonturas frequentes. Ela preferiu trancar o curso no começo de 2011 e ficar em Curitiba até se recuperar. Não demorou até que a causa do mal-estar fosse descoberta. "Os médicos fizeram o exame de medula óssea para descartar a hipótese de leucemia. Não deu outra. Só tive tempo de ir para casa arrumar a mala e ir direto para o hospital."

O tratamento exigiu um mês de internação para as primeiras sessões de quimioterapia. Depois, ela teve de ir ao hospital três vezes por semana para tomar a medicação. "Tenho mais um ano e meio tomando remédios via oral. A expectativa é de que os efeitos sejam bem mais leves e eu comece, aos poucos, a voltar à minha vida normal." Por enquanto, sua meta é retornar a Minas para continuar o curso de Medicina.

Crescimento

Lívia garante que vê a doença como um momento de cresci­mento. "Não foi nada bom, mas amadureci e sei que isso me deixou com uma visão de vida totalmente diferente. A gente associa leucemia a dor e sofri­mento, mas é possível ser feliz mesmo nessa hora. Só de estar viva e me recuperando, já tenho muito a agradecer."

Para quem está passando por uma situação parecida, a dica de Lívia é manter a confiança sempre. "Tudo tem um lado bom, por pior que pareça. O tratamento pode ser doloroso, mas é a forma de recuperar a vida. Sempre confiei que ia voltar para a faculdade, ter uma família, ter filhos. Não era o câncer que me impediria."

>>> Confira trechos da entrevista:

Você procurou o caderno Saúde porque queria falar sobre uma campanha de doação de sangue. Por que você se envolveu com essa causa?

Durante o tratamento, tive que fazer várias transfusões de sangue e meus amigos fizeram uma campanha por mim. Mobilizamos mais de 1,5 mil pessoas desse jeito, 150 só no hospital onde eu estava internada. Não imaginava o que era receber sangue e a minha gratidão pra quem quer que seja que opta por fazer isso é muito grande. Sei que se essa pessoa não tivesse deixado de fazer alguma coisa para passar aquela uma hora doando sangue, eu não teria aquele sangue que eu precisava pra viver. Então passei a acompanhar e divulgar campanhas que incentivassem a doação.

E o blog, como surgiu?

Uma amiga viu o blog de uma moça que tinha câncer há muito tempo e contava todo o processo de tratamento. Ela se inspirou, criou a página para mim e fui me animando a escrever.

E como foi a recepção dos textos? Os leitores gostam?

Confesso que fiquei surpresa com a aceitação dos leitores. Escrevo não só sobre coisas relacionadas à doença, mas acontecimentos da vida, lições que fui aprendendo, enfim, divido meu dia a dia com os leitores. E é muito legal porque recebo retorno de pessoas que não conheço e moram do outro lado do Brasil, mas dizem que me acompanham e gostam do resultado. Posso dizer que me descobri fazendo esse blog.

No fim do ano passado, você passou em dois vestibulares e vai fazer Psicologia e Jornalismo. Pretende conciliar os dois?

Por enquanto, os dois cursos vão servir de passatempo para eu não ficar em casa sem fazer nada. Mas a meta é conciliá-los até que os médicos autorizem que eu volte a Belo Horizonte. Por enquanto, não sei o que vou fazer. Sinto muita falta de Belo Horizonte e sou apaixonada pela Medicina. Mas não descarto a possibilidade de gostar dos dois cursos e ficar de vez por aqui.

Quais os seus planos para os próximos meses, enquanto se recupera?

Mantenho os pés no chão. A primeira meta é me recuperar e me sentir segura com meu corpo. Depois, tenho que decidir se volto para Minas. Desde o início do curso lá, me apaixonei pela Medicina de Família. Gostava muito de ir aos postos de saúde, acompanhar as famílias e ver como elas ficavam felizes quando recebiam atenção.

Serviço:

Para acessar o blog da Lívia, o endereço é http://avidadelivia.blogspot.com

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]