Deborah e Pedro: luta contra o câncer durante a gestação| Foto: Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo

"Ouvi muitas pessoas dizendo que eu era irresponsável. Na verdade, fiz uma opção pela vida, tanto a minha quanto a do meu filho". É assim que a advogada Deborah Koliski Vons explica a decisão de conciliar a gravidez de seu segundo filho, Pedro, com as sessões de quimioterapia devido a um câncer.

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Em 1998, a advogada foi surpreendida com o diagnóstico de câncer na mama direita durante uma consulta de pré-natal. Com três meses de gestação, ela conta que chegou a pensar em esperar o nascimento da criança para iniciar o tratamento da doença, mas seu médico obstetra foi contra essa decisão. "Ele foi enfático: ou eu começava a quimioterapia o quanto antes e salvava a minha vida e a do bebê, apesar dos riscos, ou nós dois poderíamos morrer em alguns meses."

A advogada conta que o tratamento rendeu alguns incômodos e uma preocupação redobrada, já que as sessões de quimioterapia, que começaram 15 dias depois do diagnóstico e foram até o oitavo mês de gravidez, poderiam afetar o funcionamento do coração do bebê. Mas até o filho colaborou para o sucesso do tratamento. "Quando estava nas sessões de quimioterapia, ele ficava quietinho, como se quisesse me mostrar que estava tudo bem. Isso me dava mais força e me fez por na cabeça que ia sobreviver e tinha que ter o Pedro de qualquer jeito", relembra.

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Deborah fez questão de passar por parto normal. "Ele foi induzido, mas achei ótimo porque coroou todo esse processo. Foi a primeira vez que consegui ficar em público sem a peruca e me assumi do jeito que estava. No fim, senti como se minha tarefa estivesse cumprida."

Apesar dos perigos da quimioterapia, Pedro, hoje com 12 anos, nasceu saudável e não teve de ficar internado. Após o parto, Deborah voltou a fazer quimioterapia e, um mês depois, fez uma mastectomia. Apesar de todas as dificuldades, é possível fazer o tratamento contra o câncer com um risco mínimo para o bebê.

Depois de dez anos recuperada, Deborah enfrentou um novo câncer (agora no seio esquerdo) em 2008. Como a doença estava no início, foi feita uma nova mastectomia e o problema foi resolvido. "Foi complicado ver que a doença poderia voltar a qualquer momento, mas controlei o medo e decidi viver sem pensar nisso."

Otimista, Deborah garante que o saldo de toda essa experiência é muito positivo. "Parece absurdo, mas o câncer me trouxe coisas muito boas. Aprendi a me abrir para a vida, ser resiliente, lidar com as frustrações e ainda ganhei um filho maravilhoso. Como posso me revoltar com tantos ganhos?", diz.