Brasília - O Ministério da Saúde apresenta hoje o primeiro exame desenvolvido no país para diagnosticar a gripe A(H1N1), conhecida como gripe suína. Feito numa parceria entre institutos Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Bio-Manguinhos e Biologia Molecular do Paraná (IBPM), o teste passará a ser usado nos três laboratórios de referência para a doença Adolfo Lutz (SP), Evandro Chagas (PA) e Fiocruz (RJ) e nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública do Paraná, de Brasília e de Salvador.
O custo do produto brasileiro é equivalente a 30% do valor do teste importado. Mas, para integrantes do projeto, a importância do kit nacional não está na economia. "O domínio da tecnologia é estratégico. Garantimos autonomia e agilidade, algo extremamente importante na vigilância epidemiológica", afirma o pesquisador Marco Aurélio Krieger, integrante do Instituto Carlos Chagas e do IBPM e um dos responsáveis pelo projeto.
Ano passado, depois da constatação dos primeiros casos de gripe suína no mundo, o Brasil teve de esperar cerca de 20 dias para receber kits indispensáveis para saber se o vírus já havia chegado ao país. Quando a epidemia estava em curso, formou-se uma fila de espera para receber resultado de testes de pacientes com suspeita da doença. Diagnósticos que deveriam ser concluídos em 72 horas passaram a ser divulgados depois de semanas, demora creditada à falta de testes na quantidade necessária para o país. De acordo com laboratórios, várias vezes a realização dos exames teve de ser interrompida por falta de kits.
"A agilidade na realização e obtenção dos resultados dos exames é essencial. É o primeiro passo para saber o comportamento, a dimensão da doença no país", avalia o diretor da Bio-Manguinhos, Artur Roberto Couto, que deve ir hoje a Brasília para participar do lançamento. A ideia é que o teste possa ser adaptado para diagnosticar eventuais mutações do H1N1. Além disso, a tecnologia poderá ser usada também no diagnóstico de outras doenças. "Trata-se de uma rede piloto de vigilância epidemiológica. Começamos com o H1N1 e, dentro de algum tempo, partimos para outras doenças", completa Krieger. Entre as mais cotadas estão dengue, doença de Chagas e hepatite.
Krieger conta que o teste brasileiro é feito com a mesma tecnologia de exames importados o PCR em tempo real. De acordo com ele, o resultado do teste pode ser obtido no mesmo dia. A expectativa é de que o kit comece a ser usado no país em julho. "Não há intenção de se vender o produto. O objetivo é o uso para atender a demanda nacional," diz Couto.
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