Ministério da Saúde tem enviado quantidades inferiores às necessárias.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo/Arquivo/

Atrasos constantes no repasse de vacinas pelo Ministério da Saúde preocupam municípios paranaenses e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Segundo a assessoria de imprensa da Sesa, o caso mais grave é o da BCG, que protege da tuberculose e deve ser administrada nos primeiros dias do bebê. A imunização não foi comprometida, mas a vacina pode faltar caso o estado não receba novas doses no próximo mês. Também estariam baixos os estoques de vacinas contra hepatite A e B, tríplice bacteriana (contra difteria, coqueluche e tétano) e antirrábica humana (contra raiva).

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A Secretaria Municipal de Saúde de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, afirma que desde o início do ano há restrições no fornecimento de vacinas pelo Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição em todo o país. Por causa do baixo estoque da antirrábica, tanto o município de Araucária quanto o de Curitiba passarão a aplicar as doses apenas em algumas unidades de saúde. Em Curitiba, a vacina está disponível em oito Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em 15 unidades básicas de saúde. Em Araucária, a antirrábica será encontrada a partir de janeiro apenas nos pronto-atendimentos.

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“Inaceitável”

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Renato Kfouri diz que o Programa Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde tem mais de 40 anos e é inaceitável que os atrasos nos repasses das doses se tornem frequentes. “O consumo anual de vacinas tem aumentado muito, principalmente pela ampliação dos programas de imunização em todo o planeta. A Europa, por exemplo, está com dificuldades com as vacina contra o sarampo. Mas não poderia dizer de que forma isso está afetando as vacinas no Brasil”, afirma.

Conforme a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Araucária, Alexsandra Tomé, a antirrábica vem sendo liberada de forma fracionada, em quantidades inferiores ao necessário.

O alerta sobre a redução no repasse havia sido feito pelo Ministério da Saúde no fim de novembro, em nota encaminhada à Sesa e repassada aos municípios. O documento informa que a diminuição ocorreria “devido ao estoque reduzido”. Na mesma nota, o ministério afirma que também há problemas com as vacinas de hepatite A e B, tetraviral, varicela, DTPa (difteria, tétano e pertussis acelular) e DTP (difteria, tétano e pertussis). Entre as justificativas estão o “desembaraço alfandegário” das importadas, estoque reduzido e indisponibilidade de fornecedores.

“As medidas que precisamos adotar dificultam o acesso às vacinas e podem fazer com que as pessoas desistam de buscar a imunização”, alerta Alexsandra. Segundo ela, neste ano a secretaria tem recebido com frequência alertas do Ministério da Saúde, relacionados a várias vacinas. Diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria da Saúde de Curitiba, Juliane Oliveira diz que reorganizações têm sido feitas para atender a todos os pacientes que precisam das doses.

BCG

Os estoques da BCG estão controlados tanto em Curitiba quanto em Araucária, afirmam as secretarias de saúde desses municípios. Nas duas cidades, porém, foi preciso reorganizar a aplicação da vacina. Desde o início do ano, as unidades de saúde estão agendando dias da semana para aplicar as doses. A medida, que segue a orientação do ministério, ajuda a otimizar as vacinas disponíveis. Isso porque em cada ampola há mais de uma dose de BCG, mas o material tem validade de seis horas após aberto. Na nota enviada no fim de novembro pelo Ministério da Saúde, a BCG não aparece entre as vacinas com repasses comprometidos.

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