Suscetibilidade

As gestantes estão entre os grupos que têm maior possibilidade de desenvolver sintomas graves da gripe A (H1N1). Veja por quê:

Imunidade menor

O organismo prepara o sistema imunológico da grávida para permitir a instalação de um corpo estranho – que nesse caso será o bebê. Dessa forma, com a imunidade da gestante diminuída, o vírus H1N1 também pode atingi-la com mais facilidade.

Pressão no pulmão

Com o crescimento do bebê, o pulmão é pressionado, o que dificulta a respiração da gestante, predispondo-a a complicações respiratórias.

Calendário

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco para as gestantes é ainda maior no segundo e terceiro trimestre da gravidez.

Aborto

A OMS também constatou que há um risco maior de abortos em mulheres grávidas que sejam infectadas pelo vírus H1N1, além de morte do feto.

Padrão

A entidade aponta que pandemias anteriores também registraram padrões semelhantes em relação às gestantes. Elas também correm mais risco em uma temporada sazonal de gripe comum. Mas esse risco se amplia com a atual pandemia, que afeta justamente os mais jovens.

Outros grupos

Além das grávidas, os grupos de risco incluem pessoas com problemas de pulmão, asma, doenças cardiovasculares e diabete. Obesidade também pode ser um fator de risco.

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O Comitê Municipal de Prevenção e Controle da Nova Gripe de Curi­­tiba recomendou que todas as grávidas da cidade sejam afastadas de suas atividades profissionais (seja qual for o local onde trabalhem) e estudantis por 15 dias. A medida é preventiva e deverá ser adotada de hoje até 5 de se­­tembro, com chance de prorrogação. To­­das as funcionárias grávidas da prefeitura serão afastadas de suas atividades a partir de hoje. As gestantes estão entre os principais grupos de risco da nova gripe (veja box).

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De acordo com as secretarias estadual e municipal de Saúde, o Paraná tem 96 casos de gestantes com a gripe A (H1N1), das quais 29 são da capital. Houve sete mortes de grávidas no estado, uma delas em Curitiba.

Com a medida, o comitê espera ter um prazo maior para analisar a situação epidemiológica da nova gripe nesse grupo. O Comitê Municipal de Prevenção e Controle da Nova Gripe é formado por 26 entidades, entre associações médicas, órgãos municipais e demais en­­tidades da sociedade civil. O Mi­­nistério Público do Paraná (MP-PR) já havia feito a mesma recomendação na quinta-feira (18).

A médica Karen Regina Luhn, doutora em Epidemiologia e assessora da Superintendência de Gestão da Secretaria Municipal de Saúde, ressaltou que não se trata de recomendação para isolamento domiciliar, mas sim de uma medida para tentar reduzir os riscos de contaminação desse grupo. "Não há como se ter 0% de risco, mesmo em casa. No entanto, por precaução, recomendamos que as gestantes sejam afastadas por 15 dias", explicou Karen. As grávidas também precisam ter atenção especial quanto às me­­didas de higiene, principalmente a lavagem correta das mãos, e devem evitar locais em que há aglomeração de pessoas.

Análise da gripe A

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) divulgou na quarta-feira a primeira análise epidemiológica da gripe A no Paraná. Os dados foram coletados entre 27 de abril e 15 de agosto e foi usada a base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

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Um dos levantamentos feitos diz respeito aos dias decorridos entre o início dos sintomas da nova gripe e a data do óbito. De acordo com a Sesa, 12,5% das mortes ocorreram no oitavo dia após o aparecimento dos sintomas; 8,9% dos óbi­­tos, após cinco dias; e 7,2%, após 10 dias. De acordo com a infectologista Flávia Gomyde, da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, nesses casos em que houve evolução rápida da doença, levando a óbito, os pacientes deveriam apresentar complicações.

Além disso, a análise apresentou que a faixa etária com o maior número de casos confirmados da nova gripe é a dos adultos entre 20 e 49 anos, responsáveis por 57,3% dos casos do estado. Ainda não há explicação científica para o fato.

A Sesa divulgou também dados sobre óbitos causados pela gripe A em que os pacientes apresentavam outros fatores de risco. Em 46 óbitos (38,6%) havia complicações, dez pessoas eram obesas e sete eram gestantes. Além desses, 29 mortes foram classificadas como sendo de pessoas que apresentavam outras comorbidades.

De acordo com a infectologista Mônica Gomes da Silva, membro da Sociedade Brasileira de Infec­tologia e coordenadora do Progra­ma de Residência em Infectologia do Hospital Nossa Senhora das Graças, os fatores associados mais comuns são diabete, doenças cardíacas (principalmente insuficiência cardíaca) e doenças pulmonares (principalmente asma e bronquite, além das complicações de fumantes). "Em muitos casos esses fatores aparecem combinados, o que agrava ainda mais o quadro do paciente", afirmou Mônica.