Laudos de endoscopia que indicam hérnia de hiato costumam deixar os pacientes preocupados. Mas os médicos alertam que tal diagnóstico não significa necessariamente problemas porque a hérnia de hiato é uma condição anatômica que pode ou não provocar a doença do refluxo gastroesofágico.
É cada vez mais comum ouvir pessoas dizerem que passaram por cirurgia de correção ou que foram diagnosticadas com esse tipo de hérnia. Apesar de mais popularizado, os especialistas não consideram que haja superindicação da cirurgia.
Segundo Renato Vianna Soares, cirurgião geral do Hospital do Trabalhador, a partir do início da década de 1990 quando a cirurgia começou a ser feita por videolaparoscopia o procedimento passou a ser mais indicado. Mas ele avalia que isso não ocorre mais.
Para o cirurgião do aparelho digestivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Jorge Eduardo F. Matias, o fato de a cirurgia ter se tornado "mais suportável" para os pacientes pode ter favorecido sua indicação, mas ele também cita que a doença do refluxo gastroesofágico é frequente e está em franco aumento devido à dieta ocidental e aos hábitos alimentares.
Problema anatômico
O hiato é uma abertura no diafragma músculo que separa o tórax do abdome por onde passa o esôfago. Quando ela é maior do que deveria, alguns centímetros do estômago se insinuam para a cavidade torácica, gerando a hérnia de hiato. Muitas pessoas podem ter a alteração e nem saber porque nunca desenvolveram a doença do refluxo gastroesofágico.
Renato Vianna Soares, cirurgião geral do Hospital do Trabalhador, conta que as pessoas procuram o médico quando têm azia, regurgitação, tosse sem explicação ou dor torácica de origem não cardíaca. O cirurgião Jorge Matias lembra que a azia é normal em certa quantidade e frequência. "Um terço da população mundial tem. Mas ter três a quatro vezes na semana não é normal."
Segundo Matias, a realização de uma endoscopia digestiva alta vai apontar se existe uma hérnia de hiato e se ela está provocando a doença do refluxo gastro-esofágico. Fábio Silveira, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Casa de Curitiba, diz que em mais de 80% dos casos o problema é resolvido com o uso de medicamentos e com mudanças de hábitos.
Novos hábitos
Segundo o cirurgião Renato Soares, o paciente com problema deve evitar alimentos que podem causar ou agravar os sintomas do refluxo, como frutas cítricas, tomate, cebola, comida muito temperada, frituras, chocolate e café. Também é importante mudar alguns hábitos, deixar de fumar, reduzir o peso e evitar deitar logo após comer. De acordo com Soares, é preciso esperar pelo menos duas horas antes de ir para a cama depois das refeições.
Silveira, da Santa Casa, afirma que, quando o paciente relaxa em relação a alimentação, volta a ter sintomas. A outra opção é o uso de drogas que reduzem a produção de ácido pelo estômago, mas que também trazem efeitos colaterais, como cefaleia, diarreia, cólica e constipação. Segudo Soares, o uso contínuo reduz a absorção de cálcio e favorece o aparecimento da osteoporose e o risco de fraturas.
Matias, do Hospital de Clínicas, garante que os medicamentos são extremamente eficientes, mas que 80% dos pacientes voltam a ter refluxo seis meses depois de interromper o tratamento, situação na qual a cirurgia é indicada.
Para Soares, o resultado é excelente na maioria dos casos, mas alguns pacientes passam a ter dificuldades para engolir alimentos sólidos, além de existir uma pequena taxa de falha em um prazo de dez anos, que varia de 10 % a 15 %. Matias cita, ainda, a perda da competência de arrotar, o que exige do paciente uma mudança nos hábitos alimentares: não regar a comida com bebida gaseificada, além de ingerir quantidades menores de alimentos e mais devagar.
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