Um tapete mal colocado, uma nova distribuição dos móveis da sala, um sapato de solado liso, um piso molhado... E eis o chão. As quedas, que de tão cotidianas parecem inofensivas, foram em 2013 a terceira causa de morte por fatores externos em Curitiba – totalizando 11% dos óbitos, passando os suicídios. A população idosa é a mais atingida. De acordo com dados da Secretaria de Saúde, 76,4% das vítimas fatais de quedas eram pessoas de 60 anos ou mais.
Medicamento
O medicamento utilizado pelo idoso também pode ser um fator que o predispõe a queda. De acordo com o geriatra Clóvis Cechimel, alguns medicamentos podem causar tontura e consequente perda de equilíbrio. Por isso, é preciso medir qual a importância dessa medicação em relação ao risco de queda que ela ocasiona. Uma conversa entre os médicos que tratam do idoso ajuda nessa decisão.
Mundo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 424 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo devido a quedas. Dessas, 80% estão em países de baixa e média renda. Ainda segundo informações da OMS, 60% das quedas de idosos causam algum tipo de lesão.
Especialmente no grupo de 80 anos ou mais, a incidência da mortalidade por queda tem sido preocupante. Crescente, essa taxa alcançou o nível de 380 mortes para um grupo de 100 mil habitantes. Entre os idosos de 60 a 79 anos, essa taxa também é crescente, chegando a 34,6 para um grupo de 100 mil habitantes.
“Pela fragilidade do organismo deles, o que seria uma simples queda para uma pessoa jovem, pode levar a um problema muito mais grave para os idosos”, diz Vera Lídia Alves, coordenadora da Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, da Secretaria de Saúde de Curitiba. Vários são os fatores que fazem a queda ser tão fatal para o idoso. Dois deles se destacam: maior fragilidade dos ossos e mais propensão a infecções.
Com os ossos mais fragilizados, é grande a tendência do idoso acabar fazendo uma fratura devido a uma queda. O tratamento, na maior parte das vezes, significa dias de hospitalização, o que expõem um organismo já fragilizado a possibilidade de uma infecção, que pode acabar levando à morte.
De acordo com o médico geriatra Clóvis Cechimel, do Hospital do Idoso, 33% dos homens idosos que sofrem uma fratura de fêmur acabam morrendo em decorrência do acidente. “O corpo do idoso não tem substrato para lidar com a fratura, o que acaba dificultando a recuperação”, explica.
Mesmo que não leve o idoso a óbito, a queda, na maior parte das vezes, acaba sendo um complicador na vida das pessoas que já passaram dos 60. “É um gatilho para a perda da autonomia”, diz Cechimel. Essa perda pode envolver uma mudança para a casa de algum parente, a ida de um cuidador e até um medo de desenvolver atividades antes cotidianas – o que na geriatria é tratado como síndrome pós-queda.
E aí mora um grande perigo. Cada vez menos ativo, o idoso vai pouco a pouco perdendo força e tendo mais dificuldades de marcha. Isso aumenta a predisposição dele de ter uma nova queda. Para evitar mais um baque, Cechimel recomenda justamente o contrário: mais atividades. Nada de sair pela rua correndo ou faxinar a casa. Mas caminhadas e outros exercícios que ajudem a fortalecer a musculatura e a melhorar o equilíbrio do idoso são importantes protetores contra queda.
Há também os fatores externos, como os riscos ambientais. Móveis e até o solado de sapato entram nesse grupo. “Quando falamos de cuidados de casa, chamamos atenção para os tapetes, os animais domésticos, a necessidade de instalação de corrimões nas escadas e nos banheiros, a iluminação durante a noite e a distribuição dos móveis, que devem ser colocados de forma a não dificultar a locomoção”, comenta Lídia.
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