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Segundo informações da OMS, a depressão é a principal causa de incapacidade no mundo. Cerca de 350 milhões de pessoas sofrem com a doença. | /Pixabay
Segundo informações da OMS, a depressão é a principal causa de incapacidade no mundo. Cerca de 350 milhões de pessoas sofrem com a doença.| Foto: /Pixabay

Investir na ampliação dos tratamentos em saúde mental é um bom negócio. É isso o que indica o estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) realizado em parceria com o Banco Mundial e publicado em abril na revista The Lancet Psychiatry.

A partir de análises sobre 36 países de diferentes níveis de renda, os pesquisadores concluíram que, para cada US$ 1 investido na ampliação dos tratamentos para depressão e ansiedade, haverá o retorno de US$ 4 devido à melhora de saúde e capacidade de trabalho do paciente.

Além de motivo de estudo, o tema também foi alvo de uma conferência no mês passado em Washington, a qual contou com a participação da cúpula da OMS e do Banco Mundial. A preocupação se justifica pelos números. Em todo o mundo, depressão e ansiedade já atingem 615 milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população mundial. O número é cerca de 50% maior que o detectado em 1990, quando se estimava que 416 milhões de pessoas sofressem de um desses transtornos de humor.

615 milhões

de pessoas sofrem de depressão e ansiedade no mundo. O número equivalente a 10% da população mundial.

No Brasil, a depressão aparece com destaque nos levantamentos sobre a saúde da população. A última Pesquisa Nacional de Saúde revelou que 7,6% dos brasileiros (cerca de 11,2 milhões) têm a enfermidade. Isso a coloca no grupo das cinco doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes no país. Aparecendo junto com a hipertensão, diabete, doença crônica de coluna e o colesterol alto.

Saúde e economia

Em todo o mundo, são 350 milhões de pacientes diagnosticados com depressão. Segundo informações da OMS, a doença é a principal causa de incapacidade no mundo. E neste ponto saúde e economia convergem. “Sabemos que o tratamento da depressão e da ansiedade tem sentido já do ponto de vista da saúde e do bem estar do paciente, porém, este novo estudo confirma que também faz sentido a partir de uma perspectiva econômica”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em nota à imprensa.

“Sabemos que o tratamento da depressão e da ansiedade tem sentido já do ponto de vista da saúde e do bem estar do paciente, porém, este novo estudo confirma que também faz sentido a partir de uma perspectiva econômica”

Margaret Chan,diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS)

Na mesma linha, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, destacou que ampliar os investimentos para tratamento de saúde mental é uma questão de desenvolvimento. “Temos que atuar já, porque a perda de produtividade é algo que a economia mundial não se pode permitir.”

No Brasil

A maior prevalência da depressão no país é entre as mulheres. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, 10,9% das mulheres brasileiras têm a doença. Entre as regiões, o Sul é a que apresenta a maior prevalência, com 12,6% da população com a doença.

Em todo o mundo, os gastos com tratamento para transtornos mentais correspondem, em média, a 3% das despesas com saúde. O porcentual é considerado baixo, ainda mais diante da perspectiva de piora do quadro devido ao agravamento das situações de conflito e emergências humanitárias. A OMS estima que, nesses momentos de crise, uma em cada cinco pessoas sofram de depressão ou ansiedade. Atualmente, as duas enfermidades já custam US$ 1 bilhão por ano à economia mundial.

Procurando tratamento

Saiba como funciona em Curitiba o sistema de atendimento público para transtornos de saúde mental:

- Porta de entrada: Profissionais das equipes do programa Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde fazem o diagnóstico dos transtornos e encaminham para tratamento que, em alguns casos, pode ser realizado na própria UBS.

- Caps: Quando o caso necessita de uma atenção maior, o paciente é encaminhado para tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Nesse local, ele é atendido por uma equipe multidisciplinar, que constrói um projeto terapêutico próprio para cada pessoa. Em algumas situações, o paciente pode ter de dormir no local.

- Hospital: Apenas os pacientes mais graves, que apresentam risco para si ou outros, são encaminhados para internação no hospital. Mas a ideia é que essa passagem seja breve e que ele possa voltar ao convívio familiar.

Fonte: Luciana Savaris, psicóloga e Diretora do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde

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