Com a chegada do verão e o risco de disseminação do zika vírus em São Paulo, laboratórios paulistanos fizeram parceria com instituições europeias para oferecer o teste de sorologia para a doença, exame que diagnostica a infecção mesmo em quem não teve sintomas ou cuja fase aguda já passou.
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O exame de sorologia custa a partir de R$ 900 e já está disponível no laboratório Fleury e no Hospital Israelita Albert Einstein. O Hospital Sírio-Libanês deve passar a oferecê-lo nos próximos dias.
No caso do Fleury, o sangue do paciente é colhido e enviado para o laboratório do Instituto de Medicina Tropical de Hamburgo, na Alemanha. “Enviamos por meio de um correio especializado em transportar materiais biológicos e o resultado nos chega por e-mail no período de oito a dez dias”, explica Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Fleury, onde o teste custa R$ 900.
O laboratório alemão é um dos únicos centros no mundo que possuem a técnica para realização do exame. “Há outras instituições que fazem, como o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), mas eles não são abertos para realizar testes comercialmente”, diz Granato. Ele afirma que o Fleury está desenvolvendo nacionalmente a técnica para realização do exame. “Acredito que daqui a um mês já teremos o teste disponível. Nesse caso, o resultado deve sair em menos tempo, em uns três dias”, diz ele. O preço do exame deverá cair para cerca de R$ 300 quando for oferecido em território nacional, diz Granato.
No Einstein, o material é enviado para um laboratório na Espanha e o resultado sai em 16 dias. O procedimento custa cerca de R$ 1.200 e está disponível no hospital desde o dia 30 de novembro. O hospital afirma que ele está sendo coberto por alguns planos de saúde, embora o procedimento não conste do rol de cobertura obrigatória dos convênio médicos.
O teste de sorologia detecta a presença de anticorpos para o zika e pode ser feito após cerca de 13 dias do início dos sintomas. Segundo o diretor clínico do Fleury, como o zika vírus está relacionado ao desenvolvimento da microcefalia, o exame é indicado principalmente para gestantes que tenham suspeita de ter contraído a doença ou cujo ultrassom tenha manifestado alguma alteração. “O exame é importante para orientar a grávida sobre o prognóstico do bebê caso a microcefalia seja diagnosticada. Embora não haja um tratamento para a má-formação, quanto antes os pais conhecerem o problema, mais cedo o bebê poderá ser estimulado para minimizar essas sequelas”, diz Granato.
Outro teste
O exame de sorologia é diferente da técnica PCR, que detecta o vírus ainda ativo no organismo e não os anticorpos. Por essa razão, ele só pode ser feito na fase aguda da doença, quando os sintomas ainda estão se manifestando. Segundo o Ministério da Saúde, no entanto, 80% dos casos da doença são assintomáticos.
Fora da fase aguda, o PCR pode ser usado na detecção do vírus no líquido amniótico de gestantes com fetos cuja microcefalia foi diagnosticada ainda no útero. Nesse caso, ele pode confirmar se o zika vírus é a causa da má-formação. Outras possíveis causas são infecções por rubéola, citomegalovírus e outros agentes e abuso de álcool e outras drogas.
O PCR é indicado ainda para familiares de gestantes com sintomas da doença. Como ainda não há confirmação de todas as formas de contágio do zika - há relatos de transmissão por sangue e esperma -, caso o marido ou outro parente da grávida tiverem resultado positivo, é indicado que eles se afastem da gestante por alguns dias.
O PCR também está disponível no Fleury, por R$ 1.160, e no Einstein, por R$ 1.600. Na rede pública, o exame PCR está sendo feito pelo Instituto Adolfo Lutz nos casos de diagnóstico de microcefalia suspeita de relação com o zika vírus. Há pelo menos seis casos em investigação. Já o exame de sorologia ainda está sendo desenvolvido pelo laboratório estadual.