Transformação
Acompanhamento pré-cirúrgico é longo, mas necessário
Vanderson dos Santos, 25 anos, se submeteu à cirurgia bariátrica em janeiro. Perdeu 55 quilos, caindo para 103. A cirurgia foi uma indicação médica, mas ele sentia medo dos riscos que uma cirurgia representa. Ele foi acompanhado por mais de um ano por endocrinologista, psicólogo e nutricionista. Mesmo recente, a cirurgia já resultou em transformações. "Minha disposição para exercícios físicos é outra, minha dor no joelho acabou e eu me adaptei muito bem aos novos tamanhos de porções menores e mais baratas. Só aconteceram coisas boas. Quem precisa, tem indicação, tem que fazer. Se eu precisasse, faria de novo."
Em meio a uma epidemia de obesidade, vivemos também a banalização da cirurgia bariátrica. É o que diz o coordenador da Comissão de Prevenção e Combate da Obesidade da Associação Médica Brasileira (AMB), Rogério Toledo. Já o presidente da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Antônio Carlos Valezi, diz acreditar ser natural que o número desse tipo de cirurgia aumente diante do crescimento do número de casos de obesidade em todo o mundo.
Conforme dados do governo brasileiro, o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde aumentou 45% entre 2010 e 2013, de 4.489 para 6.493. Em Londrina, foram 321 cirurgias pelo SUS entre setembro de 2013 e setembro deste ano.
No mesmo período, foram solicitadas 493 cirurgias de gastroplastia à Unimed de Londrina. Dessas, 438 foram autorizadas e 55, negadas. De acordo com Valezi, entre os principais motivos para as negativas estão pacientes com peso inferior ao considerado necessário para o procedimento. Questionado sobre a orientação de alguns médicos para que seus pacientes engordem para se submeter à intervenção, o médico foi enfático. "Pelo amor de Deus, isso é um absurdo. Uma prática completamente condenável."
O presidente regional paranaense da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica lembra que além de atender aos pré-requisitos clínicos, a preparação do paciente deve ter acompanhamento psicológico e nutricional.
Efeitos psicológicos
Psicóloga mestre pela Universidade de Harvard e especialista em transtornos alimentares, Nara Estella lembra que a cirurgia bariátrica tem efeitos psicológicos profundos. "A compreensão e adaptação emocional ao novo corpo é um processo difícil e longo, portanto o acompanhamento psicológico é essencial."
Nara afirma que durante o processo preparatório, os hábitos e comportamentos alimentares do paciente são investigados. Além disso, é exposto ao paciente os possíveis riscos da cirurgia. "A terapia deve continuar pelo menos até que o paciente tenha uma adaptação às mudanças decorrentes do procedimento de uma maneira saudável. Esse tempo, claro, pode variar de um paciente para outro."
A psicóloga defende que apesar do principal objetivo da cirurgia bariátrica ser a redução do peso, o paciente só deve ser submetido ao procedimento quando as consequências físicas da obesidade são maiores que os riscos associados à cirurgia.
Valezi concorda e afirma que o paciente que vai se submeter à intervenção cirúrgica deve estar consciente de que o procedimento implica mudanças de hábitos para a vida toda. "Não adianta nada fazer a bariátrica e continuar sedentário, com uma alimentação ruim. Se a pessoa não estiver comprometida a mudar realmente sua vida, não vai conseguir aproveitar os benefícios da cirurgia, só a parte ruim, difícil."
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