Legislação
O que diz a Anvisa?
A assessoria técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) órgão que aprova os medicamentos comercializados no país aponta que não há lei que obrigue os laboratórios a incluírem dosadores (copinhos plásticos com marcas volumétricas) nos remédios produzidos. No entanto, o órgão garante que a existência ou não de tal dispositivo é levada em conta na hora da aprovação do medicamento. A Anvisa não informou quantos deles são comercializados sem o dispositivo.
Também segundo a área técnica, a maioria dos medicamentos à venda no Brasil indica na bula a dosagem em mililitros e não mais em colheres de medidas. Tanto os pesquisadores mineiros quanto a médica Juliana Varassin apontam, no entanto, que o uso das colheres de refeição é um costume ainda adotado pelas pessoas.
Na hora de consumir um medicamento líquido, ou de ministrá-lo a seu filho, você apela para as colheres comuns de refeição em vez de dosadores específicos? Então, cuidado. Uma pesquisa recente realizada por cientistas gregos e americanos comprovou os riscos dessa prática. Segundo ela, o perigo é a diferença de padrões entre os muitos modelos à venda. No estudo, a colher de chá de uma determinada marca tinha 2,5 ml de capacidade, enquanto outro modelo chegava a quase três vezes mais: 7,3 ml.
Números tão díspares podem resultar em sérios riscos à saúde, como superdosagem (que pode levar a uma intoxicação) ou quantidade de medicamento abaixo do necessário.
No Brasil, outra pesquisa aponta que o risco é ainda maior. A Universidade Federal de Minas Gerais estudou o tema há poucos anos. Segundo o pesquisador Amadeu Roselli Cruz, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da universidade, a diferença volumétrica nos talheres domésticos no país pode chegar a 500%. Ele analisou 60 modelos de colheres de sopa à venda em várias capitais, incluindo Curitiba. O pesquisador aponta que a diferença é mais do que suficiente para um tratamento desastroso, que pode até levar à morte.
Erro comum
Segundo a médica Juliana Varassin, especialista em clínica-médica no Hospital das Nações, as complicações são mais comuns do que se pensa. "Existem diversos registros de subdosagens e superdosagens de medicamento no país", garante. A Fundação Oswaldo Cruz estima que, por ano, cerca de 30 mil pessoas sejam vítimas de intoxicação por remédios, mas ainda não calculou o porcentual decorrente de erros de dosagem.
Para a médica, a gravidade varia de acordo com o tempo de tratamento. "Com medicamento de uso curto, como um xarope, por exemplo, o perigo não é tão iminente. Mas quando se trata de um de uso contínuo, como um anticonvulsionante, o risco é bem maior. Com o passar do tempo, o paciente vai ter tomado bem mais ou bem menos do que deveria, podendo se intoxicar e morrer em decorrência disso, ou então não ter seu problema resolvido ", diz.
Para evitar o problema, Juliana aponta que nunca se deve utilizar as colheres de refeição para esse cálculo. "Se o medicamento não vier com um dosador, pode-se usar uma seringa para medir a quantidade. Pode ser mais trabalhoso, mas é a forma mais segura", afirma.
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