Metade das vítimas que morreram por causa da gripe A H1N1 no Paraná não apresentava nenhum fator de risco, de acordo com a 5ª Análise Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgada na quinta-feira (1). Essa análise foi feita com base no número de mortes do período de 27 de abril até 27 de setembro 2009, quando tinham sido confirmados 250 óbitos no estado. De acordo com os dados da análise, 126 das 250 pessoas que morreram no estado não apresentavam comorbidades, o que corresponde a 50,4% dos casos. Além disso, houve 124 óbitos de pessoas que tinham outras doenças, além da nova gripe. As doenças associadas que mais levaram a óbito foram agrupadas em uma categoria denominada "outros", na qual foram incluídas doenças como Síndrome de Down, paralisia cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), lúpus – doença que causa alterações no sistema imunológico -, hipertensão, entre outros. Isso porque 47 dos 124 óbitos de pessoas com comorbidades perteciam a esse grupo. A médica Sônia Mara Raboni, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas (HC), afirmou que se a pessoa apresentar apenas hipertensão, não será considerado como um paciente de risco. No entanto, o paciente que apresentar também outras doenças cardíacas associadas precisa ter atenção, pois o quadro gripal poderá evoluir com maior gravidade.

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A seguir, 40 vítimas apresentavam doenças metabólicas crônicas, que são doenças como diabetes, obesidade, colesterol e triglicerídeo. Já a pneumopatia (doença crônica do pulmão) o tabagismo foram os fatores de risco responsáveis por 25 e 23 óbitos cada um, respectivamente. "Pessoas com doenças pulmonares têm maior propensão a ter infecções e isso pode agravar o caso", explicou a infectologista do HC.

A Análise Epidemiológica apresentou também a faixa etária das pessoas que morreram no estado por causa da nova gripe. Dessa forma, tem-se que 60% das mortes foram registradas na faixa etária dos adultos entre 20 e 49 anos - 150 dos 250 óbitos do Paraná. A seguir aparece a faixa dos adultos de 50 a 59 anos, na qual houve 53 óbitos (21,2%). Já entre as crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) aconteceram 33 mortes (13,2%). Além disso, houve 14 óbitos (5,6%) entre os idosos com 60 anos ou mais.

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De acordo com a infectologista, ainda não se sabe o motivo da doença ter atingido os adultos entre 20 e 49 anos com mais gravidade. Uma hipótese levantada sobre a questão dá conta de que a resposta do organismo dessas pessoas ao vírus teria sido tão intensa, que teria causado mais complicações do que o próprio vírus causaria. "Isso é o que acontece em doenças como a hepatite C e hantavirose, por exemplo. No entanto, ainda não há comprovação científica no caso da gripe", afirmou Sônia.

Nova gripe no HC

De acordo com a chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas houve redução no número de pessoas que foram encaminhadas ao HC pelos Centros de Urgências Médicas da capital, bem como no número de internamentos e no número de pessoas que passaram à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo os dados do último boletim do hospital sobre a nova gripe, divulgados na quarta-feira (30), 26 pessoas procuraram atendimento por causa da gripe A H1N1 no período de 23 a 30 de setembro; sendo que foram internadas e uma permanecia na UTI.

Para se ter uma ideia, no período de 26 de agosto a 2 de setembro foram 14 internamentos, nove estavam na UTI e 54 buscaram atendimento médico. A infectologista afirmou que a prescrição do Tamiflu a partir de critérios clínicos que fez com que houvesse redução na gravidade dos casos.

No entanto, de acordo com a médica, já era esperado que o número de casos diminuísse, pois o tempo de disseminação mais intensa do vírus Influenza dura em média oito semanas.

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Apesar disso, os cuidados com a higiene não devem ser esquecidos, pois o vírus H1N1 continua circulando. "É importante que as pessoas estejam em alerta, pois não se sabe quando e quem pode ser infectado", afirmou Sônia. De acordo com a infectologista, o cuidado de lavar as mãos de forma correta e constante fez com que houvesse diminuição de outras doenças, como diarréia e conjuntivite.