Elisa trocou o leite integral por produtos de soja e de baixa lactose| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Diferenças

Intolerância à lactose é diferente de alergia:

Intolerância primária

Acomete o adulto entre os 20 e 40 anos. Logo depois que a criança nasce a lactase, enzima que faz a digestão da lactose, está nos seus níveis mais altos. Com o passar do tempo, a produção da enzima diminui e, ao chegarà vida adulta, cerca de 50% dos adultos têm alguma intolerância ao leite.

Intolerância secundária

Essa forma do problema surge quando o trato gastrointestinal está doente temporariamente, como em casos de intoxicação alimentar. Durante o período de doença do intestino, pode haver a deficiência da enzima.

Alergia

Os sintomas não são gastrointestinais, mas alérgicos. Podem aparecer placas vermelhas na pele, prurido, edema (inchaço) de lábios, da face, das pálpebras e, o mais grave deles, da glote, que impede a pessoa de respirar e ocasionar a morte se não for tratado rapidamente. A alergia é mais comum em crianças e raríssima em adultos. Neste caso, a ingestão de qualquer derivado de leite deve ser interrompida completamente.

Fonte: Victor A. Buffara Junior, cirurgião do aparelho digestivo.

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Doces, tortas, iogurtes, cremes, chocolates, bolos, sorvetes, molhos brancos e queijos. Todos esses pratos têm em comum um ingrediente que está na base da dieta do brasileiro: o leite. Agora, imagine ter de se privar desses alimentos. Isso pode acontecer com quem sofre de um problema muito comum entre adultos, a intolerância à lactose.

O problema surge porque o organismo, com o passar dos anos, perde a capacidade de produzir a lactase, enzima responsável pela quebra da proteína do leite, a lactose. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Victor A. Buffara Junior, 50% dos adultos entre 20 e 40 anos têm algum nível de intolerância ao leite. "Os asiáticos, os afro-descendentes e os sul-americanos têm bastante intolerância à lactose, entre 75% e 90% da população. Ao contrário dos europeus, que têm uma incidência bem pequena, cerca de 25% deles sofrem com o problema", conta.

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Os sintomas mais comuns são diarreia, distensão abdominal, gases, náusea e má digestão. "A severidade dos sintomas dependerá da quantidade de lactose ingerida assim como da quantidade que o organismo do indivíduo consegue tolerar", explica a nutricionista clínica funcional da Paraná Clínicas Planos de Saúde Empresariais, Flávia Ferreira Sguario. Ela ressalta que existem níveis de intolerância, pois a quantidade de enzima lactase produzida pelo corpo varia em cada pessoa. "Alguns pacientes têm uma deficiência mínima na produção da enzima, ao passo que outros não a produzem."

Cuidados

O tratamento varia porque depende da severidade do problema. "O principal é evitar leite e derivados. Em alguns casos, pode-se tentar dietas com alguns iogurtes (com lactobacilos) e leites (hidrolisados), que são mais tolerados pelo organismo", diz o médico Buffara Junior.

Há ainda a possibilidade de que o médico oriente o paciente para que tome a lactase sintética junto ou imediatamente após a refeição, se ele realmente não deseja abrir mão de produtos que contêm a lactose. O cirurgião recomenda a enzima sintética de acordo com a quantidade de leite que a pessoa pretende ingerir. Mas há dois inconvenientes: o primeiro é o preço, que, em Curitiba, varia de R$ 26 a R$ 75,80 o frasco com 60 cápsulas. O segundo é o fato de nem todas as pessoas se adaptarem à enzima sintética. "Se mesmo com a lactase sintética os sintomas persistirem, o paciente vai ter de abolir definitivamente o leite da sua vida", ressalta o médico.

A professora de inglês Elisa Salem Herrmann, de 29 anos, descobriu há 3 meses que tem intolerância à lactose. Felizmente o caso dela não chegou ao ponto de retirar da dieta todos os produtos que contêm a proteína, mas ela trocou o leite animal pelo de soja e pelo sem lactose. "O meu caso é leve, mas depois que descobri que tinha (a intolerância) substitui alguns alimentos. Não todos. Ainda como queijos e iogurtes, mas de maneira moderada", conta.

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A publicitária Carolina Folador Ribas, de 31 anos, foi mais radical. Ela, após fazer há 3 anos o exame que detecta o problema, decidiu cortar da alimentação todos os produtos derivados. "Não tomo leite, não como iogurte, quando vou a um restaurante sempre pergunto se no molho tem leite. Até pizza eu peço sem queijo para evitar qualquer mal-estar", diz ela. Para ingerir outras fontes de cálcio, Carolina procurou uma nutricionista, que desenvolveu uma cardápio próprio para ela. "Como farinha de linhaça, sardinha e vegetais verde-escuros. É uma alimentação balanceada sem nenhum derivado do leite. Já tentei tomar a lactase sintética, mas não me adaptei", conta.