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O Protocolo de Atenção à Saúde para Microcefalia, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (14), definiu o rol de exames pelos quais os bebês e mães terão de passar. Recém-nascidos com perímetro cefálico menor do que 32 centímetros deverão fazer uma ultrassonografia por meio da “moleira”. Se a formação óssea estiver fechada ou se restar dúvida, as crianças passarão por uma tomografia de crânio.

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Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame explicou que a tomografia deve ficar como último recurso porque envolve uma carga elevada de radiação e a necessidade de sedar o bebê. Segundo ele, não faltarão tomógrafos nem recursos no país para fazer os testes. Ele reconheceu, porém, que será preciso treinar técnicos e demais operadores dos equipamentos.

“O ministério está elaborando vídeos e materiais de divulgação e treinamento para os profissionais poderem fazer esse exame da melhor forma possível”, afirmou Beltrame.

“O ultrassom no SUS sai por R$ 34 e uma tomografia, por R$ 97. Se formos falar de 2 mil crianças suspeitas, o valor não é tão significativo.”

Além de exames de praxe - como o teste do pezinho, orelhinha e olhinho -, os bebês com microcefalia serão encaminhados para um outro procedimento: o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (Peate). Considerado mais sofisticado que o teste da orelhinha, o Peate entrou no protocolo devido à constatação de que muitas crianças microcéfalas têm apresentado surdez congênita. O Ministério da Saúde não sabe dizer quantas nasceram com essa condição.

Para disponibilizar o Peate, o governo anunciou que equipará 737 maternidades com o equipamento que faz o exame de audição, ao custo individual de R$ 35 mil, totalizando R$ 25,7 milhões.

O parto normal continua sendo a recomendação em caso de suspeita ou diagnóstico confirmado de anencefalia, ressaltou Beltrame. De acordo com ele, não há sofrimento ou risco para o bebê. O que muda são procedimentos no momento do nascimento, quando serão coletados o sangue do cordão umbilical, placenta, líquido da espinha dorsal ou do córtex cerebral do recém-nascido e sangue da mãe, para exames complementares.

Tão logo diagnosticada a microcefalia, o protocolo de atendimento prevê que a criança seja encaminhada a um Centro Especializado de Reabilitação ou similares. Segundo Beltrame, existem 136 serviços dessa natureza no país, além das associações de pais e amigos dos excepcionais (Apaes). Ele frisa a importância de a criança receber a estimulação desde o nascimento até os 3 anos de vida pelo menos, quando termina o desenvolvimento neurológico.

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“Quanto mais precoce for a estimulação, menores serão as sequelas da malformação. O limite é a extensão do dano causado pela malformação, mas a ideia é desenvolver ao máximo o potencial da criança”, afirma Beltrame.

Uma das regras do protocolo é o registro na caderneta ou cartão da gestante, assim como no prontuário da mulher, da ocorrência de sintomas do vírus zika, tais como manchas e coceira na pele, febre baixa e dor no corpo. Essa informação será repassada ao Ministério da Saúde, o que, na prática, possibilitará uma notificação de grávidas com suspeita de terem contraído o vírus relacionado à explosão de casos de microcefalia.

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O Ministério da Saúde vai estimular os serviços a fazerem busca ativa de grávidas, para que elas iniciem o pré-natal o quanto antes. Dos 3 milhões de partos realizados ano passado no Brasil, constatou-se que metade das gestantes iniciou o acompanhamento médico na 12a semana. A ideia, de acordo com o protocolo, é que elas comecem o mais breve possível. Fica mantida a recomendação da realização do ultrassom obstétrico no 1o trimestre preferencialmente.

Para auxiliar na detecção da gravidez e início rápido do pré-natal, o governo anunciou que investirá R$ 5 milhões no fornecimento de testes de gravidez nas unidades públicas. Em outra frente, ampliará também o acesso a contraceptivos diversos, para que as mulheres possam escolher “de forma esclarecida e livre o método que preferem”, afirmou Beltrame.

Gravidez

O secretário evitou desestimular a gravidez, como já recomendaram integrantes do governo, dizendo que não se deve ter “pânico”, mas ressaltou que o “medo” é justificado.

“O medo calculado que proteja a mulher e a criança da picada do mosquito é saudável. Esse mosquito pode se distribuir pelo resto do país, existem casos em outros estados”, comentou.

Embora o governo tenha anunciado que distribuiria repelente a grávidas, o fornecimento do produto ainda não está garantido. Na quarta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai se reunir com o Exército e com fabricantes para analisar os custos envolvidos. Diante das dificuldades de produzir e adquirir o repelente, o Ministério da Saúde tem focado no combate ao mosquito como medida fundamental.

“ Não há uma recomendação expressa que se passe o repelente, mas é uma mensagem de tranquilização, de que as mulheres podem usar (o produto), sem riscos para gestantes”, disse Beltrame.

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