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Rotina

A partir da primeira menstruação as meninas precisam tomar alguns cuidados:

Atenção com a higiene - Com a puberdade, a vagina também amadurece e começa a eliminar uma secreção esbranquiçada (leucorreia fisiológica), que não é doença vaginal. No entanto, essa secreção acumulada nos lábios vaginais pode dar mau cheiro e coceira se não houver uma boa higiene.

De olho no calendário - É importante controlar os ciclos mens­truais anotando o primeiro dia de sangramento. Isso ajuda a ter uma noção sobre a regularidade do ciclo.

Para não engravidar - Se for uma adolescente que já namora, ela deve ser orientada sobre o uso de contraceptivos, caso pense em iniciar ou já tenha iniciado sua vida sexual.

Faça um teste: junte três ou quatro gerações de mulheres da sua família e compare. Provavel­mente sua avó teve a primeira menstruação mais tarde que sua mãe, que por sua vez menstruou mais tarde que você e provavelmente sua filha ficou ou ficará mocinha antes do que as três gerações anteriores. O exemplo ilustra um fenômeno que vem sendo observado há décadas. A menarca das meninas ocorre cada vez mais cedo. As explicações para esse adianto são diversas. Vão desde as mudanças no estilo de vida, passando por hábitos alimentares e até mesmo pelo melhor acesso a vacinas e tratamentos. Mas com meninas se transformando em mulheres assim tão cedo, surge uma série de questões: que consequências um amadurecimento precoce pode ter na vida dessa garotas? Em que casos é necessário investigar ou interferir? Adolescentes podem tomar os mesmos medicamentos que uma mulher adulta? Ou ainda, que tipo de orientação ou acompanhamento psicológico pode ser necessário?

De acordo com a pediatra Bea­triz Bermudez, responsável pelo ambulatório de adolescência do Hospital de Clínicas e presidente do departamento de adolescência da Sociedade Paranaense de Pediatria, a antecipação da me­­narca é um fenômeno que vem se observando principalmente após a revolução industrial. "Em 1800, a idade média da primeira menstruação das meninas era aos 17 anos. Na década de 1970, era de 13 anos e hoje está em 12. O que se observa é que a cada dez anos há um redução média de três a quatro meses", afirma. Segundo a médica, a mudança nos hábitos e a melhoria nas condições de vida da população são a principal explicação. Ali­men­tação industrializada e falta de exercícios físicos fazem com que os jovens de hoje atinjam a massa muscular necessária para o início da puberdade com idade menor do que antigamente. Além disso, o melhor acesso aos serviços de saúde e a existência de vacinas também permitiu que as crianças se desenvolvessem de forma mais saudável, sem complicações de doenças típicas da infância, e portanto alcançando antes o amadurecimento.

Camila (nome fictício) teve a primeira menstruação poucos dias antes de completar 10 anos de idade. Já com 1m50 de altura, é uma menina com corpo de mulher. Segundo a mãe, a garota não se mostrou surpresa ou aflita com a situação. "Ela veio me contar que o corpo dela tinha lhe dado um presente", conta. Para a mãe, a reação da menina é reflexo de uma relação aberta. "Já vinha conversando com ela sobre o tema, explicando as alterações do corpo", diz. Apesar de lidar bem com as mudanças, Camila sofre dos mesmos incômodos que atormentam qualquer mulher. "Ela reclama de cólica, às vezes pede para que eu a busque antes no colégio, fica mais chorosa", conta a mãe.

De acordo com a médica ginecologista Marta Rehme, nas adolescentes os sintomas pré-menstruais e os característicos do próprio período, como as cólicas, costumam ser compatíveis com os ciclos ovulatórios. A cólica, em geral, é primária, ou seja, não tem nenhuma doença relacionada, e está associada com a liberação de substâncias inflamatórias. Nos casos em que a dor é muito intensa, a menina pode ser orientada a tomar anti-inflamatórios. "É importante que a garota seja avaliada por um ginecologista, a fim de afastar causas secundárias co­­mo, por exemplo, uma má-formação uterina, que é rara mas pode ocorrer. O uso de anticoncepcionais só deve ser feito com orientação médica", explica.

Segundo Marta, a principal preo­­cupação dos pais é em relação à estatura. É verdade que, no caso das meninas, após a menarca o ritmo de crescimento diminui. De­­pois de menstruar, as garotas crescem em média apenas 2 ou 3 cm. No entanto, a interrupção do processo puberal, com o intuito de preservar o crescimento, só se justifica quando a criança é muito nova (menos de 8 anos) e tem baixa estatura.

Conversa aberta

Para o pediatra Luiz Ernesto Pu­­jol, por se tratar de um período de mudanças físicas importantes, é natural que as meninas se sintam confusas. No caso de ga­­rotas muito novas, esse sentimento pode ser ainda mais acentuado. Por conta disso, é importante que elas possam conversar com os pais e com um médico sobre as mudanças que estão ocorrendo no próprio corpo. "Orientações quanto a comportamento social e sexual dessas jovens devem ser abertamente discutidos com os pais, educadores e médicos, dando oportunidade aos adolescentes para manifestarem suas visões e opiniões, entendendo ser essa uma fase da vida em que os comportamentos são mutáveis e, com o acolhimento honesto e desarmado de todas as partes envolvidas", afirma.

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