Os índices de colesterol dos jovens brasileiros são preocupantes. É o que aponta o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), primeiro levantamento nacional neste sentido. Realizada em todas as capitais do país e em cidades com mais de 100 mil habitantes, a pesquisa indica que cerca de 20% dos jovens entre 12 e 17 anos estão com o colesterol acima do limite recomendado e quase a metade (46,8%) têm níveis de HDL (o colesterol bom) baixo – menor que 45 mg/dl.
Hipercolesterolemia
O Erica também detectou uma prevalência de 3,6% de colesterol ruim (LDL) elevado – acima de 130 mg/dl. Os pesquisadores chamam atenção para esse dado porque ele é um dos sinais de hipercolesrolemia familiar, uma doença genética, que exige um acompanhamento médico. Estima-se que menos de 1% da população com essa doença no Brasil esteja corretamente diagnosticada.
Esse é o resultado que mais preocupa os pesquisadores. Isso porque índices baixos de HDL estão relacionados com doenças cardíacas e a morte precoce por problemas no coração. Como explica o cardiologista José Rocha Faria Neto, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), esses resultados também são indicativo de alimentação ruim e sedentarismo.
“Embora não seja um fator de risco como o LDL (colesterol ruim) alto, o HDL baixo está associado a uma dieta inadequada, a obesidade e à falta de exercícios”, comenta o médico, que é um dos realizadores da pesquisa. Na avaliação dele, esses números reforçam a necessidade de políticas públicas que incentivem mudanças de hábito.
“Cerca de 30% das mortes hoje no país são causadas por doenças cardíacas, se nada for feito hoje, esse índice só irá aumentar nos próximos anos”, prevê. No artigo, o pesquisador aponta que os níveis de colesterol bom dos jovens brasileiros são piores que o dos americanos, que vivem há alguns anos uma epidemia de obesidade.
Como esse é o primeiro estudo nacional que fez uma avaliação do risco cardiovascular dos adolescentes do país, não é possível dizer se a situação hoje é por que a de dez anos atrás, por exemplo. Mas, o dia a dia do consultório médico torna evidente que os habitos mudaram. “Temos uma geração de crianças sedentárias, que passam muitas horas na frente da televisão, videogames e tabletes. Brincam pouco, fazem pouca atividade física”, comenta Faria Neto, com base também no que vê diariamente no hospital.
A defesa ao exercícios não é à toa. Estudos indicam que a atividade física ajuda a elevar os níveis de HDL no organismo e a reduzir o LDL. Um dos motivos para isso ocorrer é o fato dos exercícios aumentarem o fluxo sanguíneo, o que evita que as gorduras – o LDL e os triglicerídeos – se acumulem nas artérias.
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