Motivação
Formada em Química Industrial, Danniella Xavier não esconde que, além do amor pela ciência, teve uma motivação bastante emocional para concluir sua pesquisa: metade dos seus avós são diabéticos. O bolo simples com aditivo de goiaba teve uma cliente especial. "Eu continuei dando este produto [o suplemento] para minha avó por vários meses, e ela adorava", conta a pesquisadora.
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Com variações, doença possui tratamentos diversos
O diabetes melito ocorre quando o corpo têm produção insuficiente de insulina, e não consegue processar corretamente a glicose (açúcar) presente na corrente sanguínea. Há mais de um tipo de diabetes e os tratamentos indicados podem variar. Em comum, os pacientes devem prezar por uma alimentação balanceada.Quem é portador do tipo 1 do diabetes não produz o hormônio e precisa de injeções diárias de insulina. Em geral, o problema é detectado na infância e adolescência. Já o tipo 2 da doença ocorre quando a produção de insulina é insuficiente ou o corpo não a absorve corretamente. Nesse caso, maus hábitos alimentares e sedentarismo podem causar ou agravar o quadro, que em geral é detectado em pacientes adultos e o tratamento é feito com remédios. O diabetes ainda pode ocorrer em gestantes, pelo aumento excessivo de peso da mãe, ou associado a outras doenças, como pancreatites alcoólicas e uso de alguns medicamentos.
Base da alimentação encontrada em padarias, a farinha de trigo é considerada um veneno para quem sofre de diabetes. Um suplemento alimentar produzido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no campus de Pato Branco, no Sudoeste do estado, pode resolver este problema, impedindo que pães e bolos aumentem o "açúcar no sangue". O produto é resultado da pesquisa de Danniella Xavier, no mestrado em Química dos Alimentos.
O composto foi produzido a partir da farinha de feijão, extraindo a faseolamina, enzima que impede o amido de cumprir seu ciclo natural de converter-se em carboidratos menores, como a glicose. Por produzir pouca ou nenhuma insulina, o diabético não consegue distribuir a glicose presente na corrente sanguínea para os órgãos e tecidos, o que acarreta no entupimento dos vasos e em uma série de outras complicações.
O suplemento age na origem do problema. Em 80% dos pacientes testados, todos com o Tipo 2 da doença, o resultado foi positivo, e o amido foi diretamente eliminado do organismo.
Na receita, o suplemento deve ser adicionado à farinha de trigo integral; a "branca", refinada, é proibida. A fórmula recebeu o aditivo de um farelo de goiaba, para dar "um sabor diferente e gostoso".
Além disso, a goiaba é rica em vitamina C e em licopeno, um antioxidante apontado como responsável por inibir vários tipos de câncer. Esses compostos impedem a formação de radicais livres, "prevenindo que ocorra a oxidação das células, o que pode levar a inflamações, infecções e outros problemas", explica a pesquisadora.
Os resultados animadores esbarram em um único problema: o suplemento não pode ser produzido em casa. Isto porque a goiaba in natura tem um tempo de vida pequeno e poderia perder seu valor nutricional com as altas temperaturas e luz do forno. Para usar a fruta, ela fez um procedimento chamado "microencapsulação", que só pode ser realizado em laboratório.
A pesquisadora ainda não recebeu nenhuma proposta da indústria para tornar o produto viável comercialmente. "O ideal é que você tivesse o suplemento na prateleira do mercado e a pessoa só adicionasse os ingredientes que tem em casa para fazer a receita", sonha.
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