A saúde bucal dos brasileiros está entre os piores do mundo. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, cerca de 58% dos brasileiros não tem acesso adequado à escova de dente. O número inclui pessoas que usaram o produto de forma esporádica ou inadequada, além daqueles sem acesso algum.
Os cuidados com os dentes costumam ser negligenciados por grande parte da população. "Muitos têm a ideia falsa de que a boca é um órgão isolado do resto do corpo. Uma doença bucal pode comprometer a saúde como um todo", alerta a dentista Kátia Regina da Silva Ribeiro, responsável técnica da Amil Dental no Paraná.
Os cuidados com a boca devem começar ainda nos primeiros meses de vida, como explica a odontopediatra Adriana Costacurta, do Centro de Reabilitação e Estética Oral de Curitiba. "Mesmo antes de os dentes nascerem, é importante fazer a higiene das gengivas, do céu da boca e da parte interna das bochechas para evitar a ação dos micro-organismos que começam a se instalar logo após o nascimento do bebê", ressalta. "A limpeza e a massagem gengival após as mamadas garante dentes de leite fortes e sadios. Podem ser feitas com a ponta do dedo indicador enrolada em uma compressa de gaze."
Um dos problemas mais comuns entre os bebês e as crianças pequenas é a cárie de mamadeira, associada ao hábito de dormir mamando leite, sucos e outros líquidos adoçados. Cerca de 26% das crianças entre 2 e 4 anos são atingidas. A introdução precoce de balas e doces é outro hábito que aumenta os riscos de desenvolver cáries.
Por isso, assim que os primeiros dentes nascerem, já é preciso escová-los diariamente, mas sem o uso de pasta de dente. Para incentivar o hábito, os pais devem dar uma escova para a criança brincar e escovar os dentes na frente do filho. Se quiser usar pasta dental, deve ser a sem flúor, para evitar a fluorese o enfraquecimento dos dentes causado pela ingestão excessiva da substância. "A partir dos 3 anos, já é possível introduzir o uso do fio dental. E a partir dos 6, o uso de pastilhas evidenciadores de placa bacteriana é recomendado, para que os pais verifiquem se a escovação está adequada", explica Adriana.
Adolescência
A partir dos 12 anos, o risco de desenvolver cáries e doenças gengivais aumenta significativamente. Segundo dados de um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), quase 40% dos adolescentes brasileiros, entre 15 e 19 anos já perderam ao menos um dente e, em 93% dos casos, a perda foi provocada por uma cárie.
As mudanças hormonais que ocorrem durante a puberdade alteram a flora bucal, aumentando a proliferação bacteriana e consequentemente as cáries e as gengivites. "É preciso levar em conta também a falta de disciplina e de rotina, principalmente entre os meninos. Eles comem há toda hora, nem sempre fazem as refeições em casa e não levam a escova de dentes na mochila", explica a dentista e homeopata Marli Cristina Pereira, especialista em hebiatria da Uniodonto.
A profissional diz que para interromper a erosão provocada pelo aumento da acidez da saliva, a escovação deve ser feita a cada quatro horas. "A escovação com pasta dental com flúor equilibra o PH bucal e permite a remineralização dos dentes", conta. "Quem usa aparelhos ortodônticos deve ter cuidado redobrado. Existem no mercado pastas, escovas e fio dental especiais que facilitam a limpeza."



