O representante de vendas Mateus Becker, 33 anos, relembra os 68 dias de internação, em 2005, com um nó na garganta. Naquele ano, em março, ele começou a sentir dores pelo corpo quando visitava a namorada em um domingo. Na quarta-feira seguinte, o morador de São Leopoldo, na Região Metropolitana, foi internado às pressas, quando exames deram positivo para a Síndrome de Guillain-Barré e ele já não conseguia caminhar sem ajuda. A causa que desencadeou a síndrome não foi encontrada.
A partir do momento de entrada no hospital, o quadro se agravou rapidamente. Por 20 dias, Mateus permaneceu em coma induzido na UTI por problemas no sistema respiratório. Quando acordou, ele estava consciente, mas não conseguia mexer qualquer músculo do corpo.
– Todos os dias os médicos preparavam a minha família para o pior – relembra Mateus.
Depois de superar as complicações e recuperar parte dos movimentos, ele voltou para casa de cadeira de rodas. Atividades básicas como se alimentar ou ir ao banheiro eram possíveis apenas com a ajuda da mãe. Foram quatro meses com duas sessões de fisioterapia por dia para recuperar os movimentos. Aos poucos, ele começou a retomar a rotina e ganhar peso. Seis meses depois do dia em que ele sentiu os primeiros sintomas, retornou ao trabalho sem qualquer dificuldade para andar ou levantar os braços. Matheus conta que já visitou outras vítimas da doença para prestar apoio.
– Só quem passa por isso sabe da rapidez com que tudo acontece. Quando me olhava no espelho, não acreditava que ia voltar a andar. Ver que é possível sair dessa sem qualquer sequela dá esperança para quem está passando por isso – conta.
No Facebook, grupos e comunidades de familiares e sobreviventes trocam experiências sobre a rotina de recuperação da doença. Joduei de Moraes, 25 anos, morador de Não- Me-Toque, no norte do Estado, participa das redes sociais alertando sobre os sintomas da SGB. Em 2012, ao procurar um médico, ele foi diagnosticado com a doença e encaminhado para um hospital em Passo Fundo, onde aguardou dois dias por um leito. Na semana anterior aos primeiros sintomas, ele teve vômito e diarreia devido a uma infecção gastrointestinal.
– Não havia estrutura onde eu moro para tratar a doença – relata.
O soldador ficou três meses internado e por mais de um ano dependeu de cadeira de rodas. Hoje, ele segue o tratamento de fisioterapia com uma ajuda de custo da prefeitura da cidade. Nos próximos meses, Joduei deve receber uma órtese com o auxílio de uma instituição de assistência a pessoas com deficiência de Passo Fundo. Ele ainda luta para recuperar os movimentos dos pés e da mão esquerda. Desde então, o nascimento da primeira filha e o apoio da esposa deram a força que ele precisava para seguir evoluindo:
– Agora, sinto que a situação estacionou. Meu neurologista disse que três anos seria o tempo de recuperação, mas sigo tentando.
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