Liberação
Nos Estados Unidos, 18 estados e o distrito de Columbia já aprovaram o uso medicinal da maconha, além de dois, Colorado e Washington, que liberaram também o uso recreativo. No Brasil, existem pesquisas sendo feitas em universidades, mas o uso medicinal é proibido, a não ser em casos específicos que necessitam de autorização. Veja algumas das doenças que podem utilizar a maconha como tratamento adicional nos estados norte-americanos:
Câncer. Nos efeitos adversos da quimioterapia, como náuseas e vômitos. A maconha seria eficiente em reduzir esses sintomas.
Esclerose múltipla e outras doenças do sistema nervoso.
HIV/AIDS e outras doenças que causam caquexia, que é uma perda de peso rápida associada a diversas doenças pulmonares, renais, cardíacas.
Glaucoma.
Epilepsia e outros tipos de convulsão.
Doença de Alzheimer.
Na berlinda
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Em paralelo ao debate sobre a legalização da maconha, cresce o número de pesquisas a respeito do potencial médico de substâncias presentes na planta. Câncer, glaucoma e esclerose múltipla são algumas das doenças para as quais o uso terapêutico da droga já é permitido em 19 estados dos Estados Unidos. O último deles foi Massachusetts, que aprovou o uso em plebiscito durante as eleições americanas. A ciência, agora, caminha para encontrar outras aplicações para os componentes ativos da maconha.
Entre 400 substâncias que compõem a cannabis, apenas duas têm comprovadamente efeitos terapêuticos: o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol. O THC é responsável pelos efeitos conhecidos da maconha, como a vermelhidão dos olhos e alteração na percepção do tempo. Ele é indicado para náuseas e vômitos, induzidos pela quimioterapia do câncer, e dores neuropáticas.
Já o canabidiol combate alguns dos efeitos adversos do THC e age como ansiolítico. Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que essa substância diminuiu a ansiedade de pacientes com fobia social. "Ele pode ser uma alternativa como medicação para a ansiedade. Ele não causa dependência, tolerância, nem sedação como outros remédios disponíveis que tratam o problema", diz o psiquiatra e professor do departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina da USP José Alexandre de Souza Crippa. Ele destaca que o canabidiol não causou nenhum efeito adverso nos pacientes do estudo.
Estudos
Entre as novas pesquisas, Crippa cita as que mostram os efeitos da substância como anti-inflamatório, que poderia ser usado para a asma, e como neuroprotetor, podendo favorecer o tratamento das doenças de Parkinson e, talvez, Alzheimer. "Estamos testando na dependência do tabagismo e temos um estudo importante, em parceria com a Unifesp, para testar também na dependência de crack", acrescenta.
O psicofarmacologista Elisaldo Carlini , diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca outros usos da droga. "Além do efeito ansiolítico, outros países estão usando a maconha para pessoas que perderam totalmente o apetite, especialmente as que sofrem com aids ou câncer terminal", diz. A forma de cigarro, entretanto, encontra resistência em alguns pacientes no exterior. "Pessoas mais idosas não gostam de fumar o cigarro, por causa das alterações mentais."
Não há justificativa médica, porém, para a recomendação de cigarros de maconha, segundo Crippa. "O efeito de se fumar a maconha depende de uma série de fatores. Não há como saber a concentração dos diferentes compostos naquela amostra e, além disso, o cigarro pode ser cancerígeno", diz.
Canabidiol zera efeitos adversos do THC
O tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol, substâncias encontradas na maconha, são usados como princípio ativo em medicamentos de muitos países. Diversas formas do THC já são usadas há anos, inclusive em versão sintética. A substância é responsável pelos efeitos adversos do uso da maconha e doses altas podem induzir ataques de pânico e crises psicóticas. Estudos mostraram, contudo, que o canabidiol tem a capacidade de manter os efeitos benéficos do THC e excluir os ruins.
Um laboratório inglês desenvolveu um spray sublingual com os dois componentes para o tratamento de dores e espasmos musculares, sem os efeitos adversos. "A associação dos dois modifica o efeito do THC, diminuindo a ansiedade e prolongando o tempo de ação", diz o psicofarmacologista da Unifesp e diretor do Cebrid, Elisaldo Carlini.
Tratamento
Entre os países que liberam o uso médico da maconha estão Estados Unidos, Itália, Canadá, Espanha, Israel e Reino Unido. Na Holanda, existem produtos fabricados com a própria planta in natura, cultivados pelo Ministério da Saúde e distribuído pelas farmácias. Nesse país, são preparados cigarros a partir de receitas médicas controladas, explica Carlini.
No Brasil, a legislação não permite o uso medicinal da planta cannabis nem de medicamentos que contenham em sua composição extratos, mas prevê a possibilidade de autorização para casos específicos.
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