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O glaucoma causa uma diminuição lenta e progressiva do campo visual, começando pela visão periférica até o ponto em que a pessoa não vê nada além daquilo em que foca os olhos. Em casos extremos, a doença leva à cegueira irreversível | Infografia GP
O glaucoma causa uma diminuição lenta e progressiva do campo visual, começando pela visão periférica até o ponto em que a pessoa não vê nada além daquilo em que foca os olhos. Em casos extremos, a doença leva à cegueira irreversível| Foto: Infografia GP

Até 20 mmHG é o índice de uma pressão intraocular normal. A partir de 24 mmHG, é considerada preocupante. Uma pessoa que manifesta 35 mmHG de pressão intraocular pode perder a visão em apenas uma semana. Mesmo com grande alteração, o paciente pode não ter sintomas, entretanto, em caso de dor nos olhos, enjoo, vômito, dor de cabeça e visão turva, o oftalmologista deve ser acionado imediatamente.

Pressão alta ocular não é hipertensão arterial. Segundo os especialistas, não há relação entre as duas doenças. "A pressão arterial tem a ver com os vasos sanguíneos no corpo, a ocular, com a pressão do humor aquoso dentro do olho", diz Leonardo Poli, médico oftalmologista da Clínica Canto.

  • Glaucoma: veja como o problema se desenvolve, degenerando a visão aos poucos

Silencioso, o glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo – 12,3% dos casos em adultos, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia – e pode atingir até 4 milhões de brasileiros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 60 milhões de pessoas no mundo tinham glaucoma em 2010. O problema intriga os oftalmologistas por não ter as causas totalmente desvendadas. "O glaucoma é pior que a catarata, que pode ser revertida por cirurgia. No glaucoma, não há reversão do quadro e o tratamento só freia o processo degenerativo e preserva a visão que resta", explica Leonardo Poli, médico oftalmologista da Clínica Canto. A dificuldade para identificar o problema acontece porque o glaucoma compromete a visão aos poucos. "A perda ocorre de modo lento e gradual, começando pela visão periférica até a pessoa não conseguir ver nada além daquilo em que foca os olhos. É um processo tão sutil que pode levar até 20 anos para o paciente perceber que não está enxergando de maneira adequada", diz Leticia Tecchio, oftalmologista da Clínica Schaefer.

O principal fator de risco da doença é a pressão alta intraocular, um problema igualmente assintomático que costuma pegar muitos pacientes de surpresa: ela somente é identificada em check-ups de rotina com o médico oftalmologista. Também estão no grupo de risco pessoas de mais de 40 anos, negros, quem tem pais ou parentes próximos com glaucoma, quem faz uso frequente de medicamentos com corticoides, diabéticos ou quem tem altos índices de miopia.

"Em todas as consultas, fazemos exames específicos para medir a pressão e, em caso de alguma alteração, são feitos exames para detectar o glaucoma", diz Marcelo Iwamoto, oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná.

Para evitar sustos e identificar cedo o problema, a dica dos especialistas é ir ao oftalmologista pelo menos uma vez ao ano, principalmente entre as pessoas com mais de 40 anos ou que têm histórico de glaucoma na família.

Doença misteriosa

Apesar do número de estudos científicos sobre o assunto, o glaucoma não tem suas causas totalmente desvendadas. "Mesmo a hipertensão ocular sendo o principal fator de risco, há várias pessoas com pressão intraocular normal que desenvolvem a doença", comenta Leticia.

Da mesma forma, alguns pacientes com pressão ocular limítrofe ou alta não apresentam glaucoma. "É imprevisível. Sabemos que a hipertensão ocular potencializa os riscos do problema, mas não temos como garantir se e quando isso vai acontecer", explica Poli.

Tratamento

A principal forma de tratar o problema é com o uso de colírios para controlar a pressão intraocular. Caso eles não surtam efeito ou o paciente esteja com a doença em um estágio mais avançado, pode-se optar por uma cirurgia a laser ou com incisão para estagnar o processo de degeneração.

Tipos

Há cinco tipos diferentes de glaucoma. Veja quais são:

Primário de ângulo aberto: assintomático, é o mais comum e responde por cerca de 90% dos casos de glaucoma. Em geral, tem ação bastante lenta e a perda da visão é tão gradual que o paciente demora a perceber o problema se não consulta o médico oftalmologista regularmente.

De pressão normal: apesar de o paciente ter níveis de pressão intraocular normais, apresenta desgaste no nervo óptico e manifesta a doença. Não tem sintomas.

De ângulo fechado: de ação muito rápida, é caracterizado pelo aumento súbito da pressão intraocular e pode cegar em menos de uma semana. Pode apresentar sintomas como dor nos olhos, náuseas, visão borrada e vermelhidão ocular.

Congênito: raro, atinge uma em cada dez mil crianças nascidas vivas. É uma doença grave que atinge os bebês e, por isso, os especialistas recomendam que os pais exijam o teste do olhinho, exame capaz de identificar o problema em recém nascidos. Os principais sinais são blefarosespasmo (piscar de maneira exagerada e descontrolada), fotofobia (sensibilidade à luz), globo ocular aumentado e lacrimejamento excessivo. Exige cirurgia.

Secundário: deriva de complicações de outros problemas ou procedimentos médicos, como cirurgias oculares, catarata, lesões nos olhos e diabete.

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