Calor intenso por dias seguidos também aumenta o risco de morte em cidades de clima quente. Essa é uma das conclusões da pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz do Rio, em parceria com a Universidade de Ajing, na China, e de Columbia, nos Estados Unidos, e que será publicada em outubro no Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas e Cidades. O estudo cruzou dados de temperatura média diária nos meses de verão na cidade do Rio de Janeiro entre 2002 e 2014 com os números de óbitos por causas não acidentais no mesmo período.
A conclusão foi que, mais de cinco dias de temperatura média diária na casa dos 31,5 °C pode ampliar em até 36% o risco de morte por causas naturais no Rio de Janeiro. “Até então, o que se achava era que essa questão da temperatura relacionada ao aumento do risco de morte era só para locais de clima mais frio”, comenta a pesquisadora Martha Barata,do Instituto Oswaldo Cruz, uma das autoras do estudo.
Martha destaca que pesquisa nesse sentido já foram feitos para outras cidades, como Paris e Nova York, mas “esse é o primeiro que mostra que há um aumento no número de mortes relacionadas a elevação de temperatura também em locais de clima quente”. Ela explica que a partir de 26.°C já se começou a perceber uma tendência de aumento de número de óbitos relacionados a elevação de temperatura no Rio.
Outros locais
Uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz com a Universidade de Ajing e de Columbia, o estudo deve ser estendido para outras cidades do Brasil e da América Latina. A intenção ampliar a pesquisa para outros locais e dessa forma entender melhor como o aumento de temperatura influencia a saúde das pessoas. Para tanto, o grupo pretende contar com pesquisadores de outros locais que tenham interesse em estudar a relação calor e morte em suas regiões.
O próximo passo agora é descobrir quais doenças nessa população se agravam pelas altas temperaturas e acabam resultando em morte. O que pesquisas já realizadas em outros países mostram é que crianças, idosos, pessoas obesas e também quem já sofre de doenças cardiovasculares e respiratórias são os mais suscetíveis à complicações relacionadas ao calor elevado.
Essas informações são importantes para criar estratégias de enfrentamento das consequências das chamadas ondas de calor. Com o aquecimento global, a tendência é que os dias de temperaturas acima do normal se tornem mais comuns, tornando esse tipo de ação ainda mais importante. Em Nova York, que tem vivido verões intensos nos últimos anos, já existe um sistema de alerta para os dias em que se registra temperaturas de risco.
Em geral, a orientação para a população é ampliar o consumo de líquidos, evitar esforço físico (principalmente sob o sol), procurar ambientes frescos e com sobra. No caso do trabalho produzido por Martha, as conclusões serão utilizadas no programa Rio Resiliente, que tem como propósito preparar e recuperar a cidade dos impactos do aquecimentos global.
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