Descarte ajuda a evitar micoses e dermatites
Reaproveitamento de cera é um dos principais erros que podem levar a pessoa a desenvolver micose ou dermatites. "Isso não pode ser feito. Apesar da alta temperatura, toda a cera utilizada deve ser jogada fora", ressalta a diretora do Centro de Educação Profissional Martinus, Marilise Pinheiro da Cunha. Utilizar luva, máscara e jaleco, além de higienizar as mãos com água e sabão ou álcool 70% são atitudes que devem ser cobradas pelo cliente.
A depilação definitiva, realizada com laser, deve ser feita somente por dermatologistas. "Pode parecer simples, mas tem muita relação com o pigmento da pele e a espessura do fio, coisas que somente um médico tem conhecimento."
De acordo com o dermatologista Juliano Schimitt, casos de micose em unha nas mulheres são uma das principais causas de consulta no dermatologista, culpa principalmente de idas na manicure sem a utilização de materiais descartáveis ou de esterilização adequada. "Elas acabam tendo contato maior com esse tipo de fungo, que pode ocasionar também verrugas ao redor da unha".
Contaminação
A infectologista Viviane Carvalho afirma que é possível contaminação por Hepatite B e até HIV. "Porém no HIV a quantidade de sangue deve ser grande, o que torna a chance mais remota. Além disso, ninguém vai deixar mexer na unha com um alicate que esteja sujo de sangue."
Esterilização do alicate em aparelho autoclave e uso de lixas e palitos descartáveis são essenciais. A manicure do Expert Beauty Center Michele Laci Terra lembra que a cliente deve exigir que o kit com os produtos sejam abertos apenas na hora do procedimento. "É interessante verificar a data da esterilização e jogar os materiais fora na frente da pessoa". O ideal, diz Michele, é usar um compartimento específico para a acetona (para não precisar colocar o palito dentro do vidro) e estar atento para datas de validade. Vencidos, esmaltes e bases podem ocasionar alergia.
Promessas como perder cinco centímetros da barriga de uma só vez ou garantir uma pele lisa e sem imperfeições são tentadoras para muitos homens e mulheres. No entanto, apesar do "encantamento" gerado pelos procedimentos estéticos, há de ser ter cuidado para que eles não prejudiquem a saúde. Iludir-se com resultados fáceis e procurar um estabelecimento sem profissionais qualificados ou com infraestrutura inadequada pode gerar sérios problemas para a saúde, que vão desde uma simples micose até maus resultados em uma cirurgia plástica. Engana-se quem pensa que a cautela deve existir apenas quando se trata de tratamentos mais invasivos. O cuidado deve permanecer na hora de procurar uma manicure ou fazer uma depilação. Confira as principais medidas para se proteger.
Corpo
O primeiro passo é estar com a saúde em dia para realizar procedimentos que envolvam aparelhos específicos ou até mesmo mais invasivos, como a carboxiterapia (que envolve agulhas). "Apenas o médico dermatologista é habilitado para realizar esse tipo de procedimento. Precisa haver uma assepsia minuciosa na área para não gerar infecções", diz a consultora da Onodera Estética, Maria Helena Varasquim. Os tratamentos não devem deixar marcas ou hematomas, lembra a diretora do Centro de Educação Profissional Martinus, Marilise Pinheiro da Cunha. "Nenhum procedimento que machuque o tecido é apropriado", diz.
É importante que o profissional tenha formação adequada (que pode ser técnico em estética, tecnólogo, fisioterapeuta dermatofuncional ou dermatologista) e que o local tenha alvará de funcionamento, ou de profissional autônomo. Uma ficha para detectar possíveis doenças, segundo Marilise, precisa ser realizada. "Se a paciente é hipertensa, não pode se submeter a determinados tratamentos até controlar o problema. Nesses casos, o melhor é não iniciar os procedimentos e orientar que a pessoa retorne após avaliação médica". Quando o tratamento é malfeito, futuramente podem surgir flacidez na pele, manchas e até necrose, em casos de aparelhos utilizados sem a higienização correta.
Cirurgia Plástica
Além de resultados insatisfatórios, problemas sérios como paradas cardíacas e perfuração intestinal na realização de lipoaspiração podem ocorrer quando o profissional não é qualificado. O primeiro passo antes de procurar um especialista na área, segundo a cirurgiã plástica do Pietá Centro Médico, Daniele Pace, é verificar se o médico é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (por meio do site www.cirurgiaplastica.org.br). "Tem vários médicos que não são cirurgiões plásticos e realizam cirurgias, por isso ocorrem problemas de negligência".
Desconfie de preços muito baratos (o material pode ser de má qualidade), busque referências com conhecidos e visite o local previamente. "É importante que a clínica tenha alguns equipamentos básicos de UTI em casos de complicações, para que se faça o atendimento imediato até a transferência para um hospital", orienta Daniele.
A infectologista da Amil, Viviane Carvalho, salienta que o paciente que deseja realizar cirurgia plástica não deve ter nenhum problema de saúde, tem de verificar a habilidade do cirurgião e checar se existem queixas ou denúncias na Vigilância Sanitária. "Quando o local segue todas as normas, o perigo de alguma infecção no sítio da cirurgia diminui consideravelmente."
Cabelo
Alergia, queda de cabelo e queimaduras no couro cabeludo são possíveis quando substâncias como o formol são utilizadas em alisamentos. Porém o produto está proibido para venda e procedimentos desde 2009. Exceder o tempo recomendado na embalagem quando se pinta o cabelo, por exemplo, gera risco de reações e lesões. "O ideal é que sempre se faça um teste de alergia com o produto, tanto no salão de beleza como em casa", indica a diretora do Centro de Educação Profissional Martinus, Marilise Pinheiro da Cunha.
O dermatologista Juliano Schimitt lembra que reações podem acontecer independentemente do teste. "As dermatites de contato alérgico, que causam coceira e vermelhidão, podem surgir depois de muito tempo utilizando o mesmo produto. A orientação é observar e sempre se certificar da procedência", alerta.
Rosto sem manchas
Mancha é a sequela mais comum em tratamentos faciais, como peeling e clareamento, realizados sem os devidos cuidados. Bolhas e alergia também são recorrentes e o ideal é procurar um dermatologista para orientação prévia. "Todo procedimento tem um risco inerente de complicação. Mas uma boa indicação diminui o perigo", diz o dermatologista do Hospital das Nações, Juliano Vilaverde Schmitt. O profissional, segundo ele, deve considerar as atividades diárias do paciente, já que em alguns casos há necessidade de descanso prolongado. "Pode haver descamação na pele e vermelhidão, interferindo no trabalho, por exemplo".
Pessoas com pele escura devem ficar mais atentas, pois o risco de manchar é maior. "Muitas pessoas estão com manchas, pois não foram bem orientadas pelo profissional. As decorrentes de procedimentos estéticos podem ser irreversíveis", diz Marilise. Observe a estrutura e a higienização do local, siga rigorosamente as recomendações (como uso de protetos solar, por exemplo), além de fazer perguntas básicas ao profissional. "Com uma conversa rápida, é possível ver se a pessoa tem conhecimento de fato. Desconfie de promessas milagrosas e observe a coerência, caso um pacote de tratamentos seja fechado previamente", enfatiza Maria Helena.