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Com a proibição dos anorexígenos, o tratamento de obesidade hoje é feito com o uso de dois tipos de medicamentos. Veja as diferenças:

Sibutramina

Age diretamente no sistema nervoso central e tem efeito sacietógeno. Com isso, a pessoa se sente saciada com uma quantidade menor de comida, o que favorece o emagrecimento. Entre as substâncias autorizadas no Brasil, é a que gera a maior taxa de redução de peso.

Orlistat

Concentra seu efeito no intestino, impedindo a absorção de 30% da gordura dos alimentos durante a digestão. É conhecido por seus efeitos colaterais incômodos, principalmente diarreia. Só apresenta resultados em pessoas que costumam ter refeições gordurosas.

Pesquisa

Alternativa para tratamento passa por estudos no Paraná

No Paraná, uma alternativa para o tratamento de obesidade está em estudo e deve ser aprovada logo. A pesquisa, desenvolvida desde 2011 em vários países, visa verificar se a liraglutide, uma substância que imita a ação de um hormônio responsável pela saciedade no organismo e que faz parte da composição do Victoza (um medicamento para diabete), é eficiente na redução de peso em pessoas obesas.

Os resultados finais devem sair em três meses, mas algumas observações despertam otimismo. "Um dos nossos objetivos era verificar possíveis efeitos colaterais e notamos que apenas alguns pacientes manifestaram náusea nas primeiras injeções, então parece ser uma droga que não gera grandes reações", explica o médico endocrinologista do HC e coordenador da pesquisa no Paraná, Henrique Suplicy.

Caso sejam comprovados os benefícios, o remédio deve passar pela avaliação da Anvisa neste ano e receber autorização para uso em tratamentos de obesidade em 2013. O médico reforça que, por enquanto, a única indicação para uso do Victoza é em casos de diabete. "Na pesquisa, trabalhamos com uma quantidade diferente de liraglutide da que compõe o Victoza, então o ideal é que os pacientes esperem a autorização da Anvisa para verificar como usar a substância de maneira segura."

"Com a proibição dos anorexígenos, é normal que os laboratórios invistam alto no desenvolvimento de novos agentes."

Durval Ribas Filho, médico e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

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Em outubro de 2011, a Agên­­cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda e a produção dos emagrecedores derivados da anfetamina. Com ação na redução de apetite, os medicamentos, também chamados de anorexígenos, geraram uma série de mudanças no tratamento de obesidade no Brasil, mas os médicos garantem: as expectativas de novidades nessa área são grandes e uma nova geração de substâncias antiobesidade deve vir por aí.

"Por enquanto, não há previsão de que novas medicações sejam aprovadas no Brasil, mas há novidades em fase de estudo ou de avaliação de resultados em outros países, então esperamos que uma nova geração de substâncias chegue ao Brasil em um futuro bem próximo", explica a professora de Endocrinologia da PUCPR, Salma Parolin.

Para o médico nutrólogo e endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, as novidades não devem demorar, mas é bom os pacientes se prepararem para desembolsar mais com o tratamento. "Com a proibição dos anorexígenos, é normal que os laboratórios se movimentem para investir alto no desenvolvimento de novos agentes, mas, no começo, devem ter um custo maior que os produtos que já conhecíamos pelos gastos com as pesquisas."

Tratamento

Sem os anfetamínicos, agora o tratamento para perder peso é feito basicamente com o uso de apenas dois tipos de medicamentos (sibutramina e orlistat), que, associados a uma dieta balanceada e à realização de exercícios físicos regularmente, auxiliam no processo de redução de peso.

A grande mudança, segundo Ribas Filho, é que agora os médicos precisam de alternativas para obter resultados no tratamento de pacientes hiperfágicos (que têm vontade exagerada de comer). "Como atuavam inibindo a sensação de fome, os anorexígenos eram importantes para a redução de peso dessas pessoas e, por enquanto, não há outras substâncias aprovadas pela Anvisa que tenham papel semelhante. Estamos trabalhando com uma combinação de outros medicamentos para conseguir um resultado parecido."

Nos EUA, o mercado ganhou dois novos recursos nes­­te ano. No fim de maio, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou o uso da lorcaserina, uma substância que aumenta a sensação de saciedade. A princípio, os resultados são modestos e o medicamento promove uma redução de 5,8% do peso em um ano. "A diferença entre o grupo de controle e o que tomou a medicação é animadora, mas, se compararmos com os resultados da sibutramina, ela [sibutramina] ainda é mais eficaz para o emagrecimento", diz a professora Salma.

Outra novidade é o Qnexa, um medicamento que associa um anorexígeno e um anticonvulsivante e se mostrou eficiente para diminuir a sensação de fome. O parecer do FDA deve sair até o dia 17 de julho, mas o médico endocrinologista do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR Henrique Suplicy acredita que ele não deve chegar ao Brasil tão cedo. "Como a Anvisa proibiu os medicamentos anfetamínicos e o Qnexa tem um componente derivado desse grupo, provavelmente não será aprovado por aqui."

Indicação

Só podem tomar medicamentos para perder peso pacientes diagnosticados com obesidade, que têm Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 ou com sobrepeso (IMC em torno de 27) associado a alguma comorbidade, como diabete, hipertensão e colesterol alto. Não podem receber a medicação pessoas com hipertensão ou diabete sem controle dos sintomas, arritmia cardíaca, anginas e psicopatia.

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