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Filhos

Pesquisador defende que estímulos são fundamentais para bebês em UTIs

Estudo mostra que prematuros expostos, dentro da incubadora, a sons como a voz da mãe tiveram desenvolvimento melhor do córtex auditivo

Na UTI neonatal do Hospital Nossa Senhora das Graças, há um trabalho específico para os prematuros. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Na UTI neonatal do Hospital Nossa Senhora das Graças, há um trabalho específico para os prematuros. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Pesquisadores dos Estados Unidos defendem mudanças nas UTIs neonatais para garantir que os prematuros recebam estímulos mesmo estando dentro de incubadoras. Eles defendem que ouvir a movimentação da casa e vozes é fundamental para um melhor desenvolvimento do cérebro do bebê. A falta desses estímulos nos primeiros meses de vida poderia influenciar a capacidade de aprendizado da criança.

Em uma apresentação realizada há algumas semanas na Associação Americana para o Avanço da Ciência, o professor de pediatria Amir Lahav, da Harvard Medical School, mostrou o resultado de experimentos envolvendo bebês prematuros. O estudo consistiu em colocar nas incubadoras alto-falantes que transmitiam gravações com a voz da mãe e outros ruídos que o bebê escutaria se ainda estivesse no útero.

Os prematuros que receberam esse estímulo durante o tratamento na UTI apresentaram um córtex auditivo mais desenvolvido que os demais. Eles também tiveram maior ganho de peso e respondiam melhor aos estímulos auditivos. A explicação para isso é que a ausência de sons nas incubadoras dificultaria o processo de aprendizado e reconhecimento sonoro do cérebro.

Para Lahav e sua equipe, esse resultado explica por que algumas crianças prematuras que passaram muito tempo sob cuidados intensos na UTI têm problemas auditivos e dificuldades para aprender apenas por meio da escuta. A solução sera humanizar o tratamento dos bebês prematuros.

Humanização

Essa humanização tem, na maioria das vezes, a intenção de diminuir o sofrimento do prematuro na UTI. Na maternidade do Hospital Nossa Senhora das Graças, algumas das medidas tomadas são simples, mas ajudam a amenizar a dor do bebê. Entre elas está a redução da luz ambiente na incubadora e o cuidado de enrolar o bebê com um cueiro como se fosse um charutinho, para que ele se sinta mais protegido.

Também é utilizado o método canguru, que estimula o contato pele a pele. Isso proporciona maior sensação de segurança e aconchego para a criança e ajuda a reduzir a ansiedade dos pais. Na hora do banho, mais um cuidado. Nesse caso, o bebê é enrolado numa fralda de pano, para se sentir mais seguro. “Com essas ações, a gente busca amenizar o estresse do bebê e minimizar a dor”, comenta a enfermeira-chefe da UTI neonatal da maternidade, Elisiane de Lima Sturião.

Há 15 anos trabalhando com prematuros extremos, Elisiane fala com os olhos da experiência algo que a ciência também já percebeu: “os bebês mais tranquilos tendem a ganhar peso mais rápido”, diz. A relação mãe e filho também influencia nesse jogo. “O bebê sente a insegurança da mãe e fica mais nervoso. Quando ela está calma, o bebê fica mais tranquilo”, explica.

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