Antes considerado “primo fraco da dengue”, zika também é transmitido pelo Aedes aegypti| Foto: PAULO WHITAKER/REUTERS

Pesquisador do Laboratório de Virologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, Rafael França estima que serão necessários pelo menos dois anos para que perspectivas de tratamento de infecções pelo zika comecem a ser delineadas. “Há ainda muitas questões a serem respondidas. A primeira tarefa é identificar o genoma do vírus”, afirmou.

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Diante do aumento de casos de infecções e da rápida dispersão do zika, uma rede de pesquisadores redobrou os esforços para tentar definir o mais rapidamente possível a sequência genética do que, até seis meses atrás, era considerado o “primo fraco da dengue”. A rede de vigilância genética busca, por exemplo, analisar se houve uma mutação do vírus, descrito pela primeira vez em 1947, mas que somente nos últimos anos começou a despertar a atenção de autoridades sanitárias.

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A experiência brasileira demonstra que a infecção pelo zika em gestantes tem correlação com a microcefalia. Os casos no País também ajudam a comprovar a suspeita de que o vírus pode atingir o sistema neurológico, aumentando o risco de doenças autoimunes como a síndrome de Guillain-Barré.

França afirma que a mutação pode não ser a resposta para o impacto que a infecção pelo zika vem provocando na população brasileira. “Há outros fatores que devem ser observados. Uma das suspeitas que precisam ser investigadas é se o vírus teria um impacto diferente entre pessoas que já têm anticorpos para dengue, um agente da mesma família que o da zika”, afirmou.

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Além da vigilância genética, pesquisadores têm como tarefa desvendar a forma de atuação do vírus no organismo. “Sabemos pouco sobre isso”, reconheceu França. As dúvidas não são apenas entre pesquisadores brasileiros. Há uma grande lacuna de conhecimento sobre zika em todo o mundo. “Por se tratar de um vírus novo e que até agora era tido como de pouco potencial de dispersão e de agressão no organismo, ele despertava pouca atenção.”

França avalia que uma das estratégias mais promissoras para deter o avanço da doença consiste em desenvolver terapias que tenham como princípio anticorpos contra o vírus. Para isso, é preciso conhecer a estrutura do zika e desvendar os mecanismos que ele usa para invadir as células do corpo humano. “Uma vez descoberto o caminho usado por ele para ingressar na célula, a ideia é tentar colocar um obstáculo, algo que o impeça a invasão”, afirmou.