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A produção dos mosquito pela Oxytec funciona em Campinas, também no interior paulista. | Carlos Bassan /Prefeitura de Campinas
A produção dos mosquito pela Oxytec funciona em Campinas, também no interior paulista.| Foto: Carlos Bassan /Prefeitura de Campinas

A prefeitura de Piracicaba (a 160 km de São Paulo) anunciou nesta terça-feira (19) uma redução de 82% na quantidade de larvas do mosquito Aedes aegypti em área experimental no bairro Cecap/Eldorado, em comparação com setor vizinho reservado para controle.

O resultado foi alcançado com uma versão transgênica do mosquito transmissor dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A prefeitura agora planeja estender a experiência a áreas centrais da cidade de 390 mil habitantes 155 km a noroeste da capital paulista.

Segundo a Secretaria da Saúde de Piracicaba, na temporada de dengue 2014/15, o bairro Cecap/Eldorado tinha apresentado 133 casos de infecção, o maior índice da cidade. Na temporada seguinte, 2015/16, houve um único caso.

As fêmeas adultas do Aedes transmitem os vírus ao sugar o sangue de seres humanos. A empresa de origem britânica Oxitec criou uma linhagem de mosquitos machos (batizada OX513A) com um gene que faz todas as suas larvas –machos e fêmeas– morrerem antes de chegar à fase alada.

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Soltos em quantidade suficiente numa região, transmosquitos competem com machos selvagens por fêmeas, que não aceitam nova inseminação após a cópula. O sistema, ainda sem licença do governo federal para emprego generalizado, não elimina por completo as fêmeas picadoras, mas reduz muito sua população.

“Fomos atrás da ferramenta que nos parecia mais adequada para ajudar nessa dura batalha contra o transmissor da dengue, do zika e da chikungunya”, afirma o prefeito Gabriel Ferrato. Ele decidiu ampliar por um ano o teste experimental e incluir nele uma população entre 35 mil e 60 mil habitantes de área no centro da cidade, ainda por definir.

A soltura dos mosquitos transgênicos no ambiente tem de ser contínua. A demanda resultante por insetos modificados passará a ser atendida por uma fábrica que a Oxitec construirá em Piracicaba. Sua sede original, com produção limitada, fica em Campinas.

“Nos próximos anos faremos um investimento da ordem de milhões de reais nesta nova unidade de Aedes aegypti do Bem”, diz Glen Slade, diretor da Oxitec do Brasil, referindo-se ao apelido propagandístico do inseto criado pela empresa. A unidade terá condições de atender mais de 300 mil pessoas.

ANVISA

A linhagem OX513A, no entanto, ainda não conta com licença da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser liberada em escala comercial, ilimitada, no ambiente. A Oxitec só conta com autorização para fazer testes experimentais em áreas restritas. Além do de Piracicaba, houve outro em Juazeiro (BA), que resultou em redução de 95% na população de Aedes.

Por ora, a empresa obteve licença só da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em abril de 2014. Um mês depois, iniciou contatos com a Anvisa, mas até hoje não houve definição sobre o procedimento para autorizar a tecnologia em larga escala, nem mesmo se é da competência da Vigilância Sanitária fazer isso.

“Esta é uma tecnologia inovadora e diferente de todos os demais produtos e atividades regulados até o momento pela Anvisa e por outras agências estrangeiras”, responde a agência desde agosto de 2015.

“A Anvisa está analisando o material apresentado pela empresa em caráter prioritário, inclusive com consultas a outras agências reguladoras internacionais que estão tratando de questões semelhantes. A análise envolve aspecto de segurança e, especialmente, eficácia da tecnologia.”

A FDA, agência norte-americana de fármacos e alimentos, decidiu no final de 2014 que a linhagem OX513A deverá observar as exigências para registro de medicamentos veterinários, mas o processo ainda se encontra em andamento.

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