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90% dos curitibanos entrevistados na pesquisa Saúde Ocular na 3ª Idade, da Associação Retina Brasil, afirmaram que nunca ouviram falar em Doença Macular Relacionada à Idade. O tratamento da doença também é desconhecido para 91%, apesar da prevalência da doença crescer conforme a idade.

Cegueira

A DMRI é considerada a segunda maior causa de cegueira em pacientes entre 45 e 64 anos nos países desenvolvidos, de acordo com o artigo "Alternativas terapêuticas para o tratamento da degeneração macular relacionada à idade: um desafio para a saúde pública", publicado na Revista Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada em 2013. No Brasil, a estimativa é que todos os brasileiros acima dos 99 anos apresentem a DMRI.

30% é a prevalência da DMRI em pessoas acima dos 75 anos, de acordo com a oftalmologista e vice-presidente da SOB, Tania Schaefer. Entre 55 e 65 anos, a prevalência fica de 10% a 12%. Até os 55 anos, menos de 2% das pessoas apresentam a condição.

Previna-se

Dieta e óculos escuros ajudam a combater a doença

Alimentos ricos em antioxidantes e vitaminas são a base da prevenção ao DMRI. Estudos na literatura médica apontam que a combinação de vitamina C, betacaroteno, encontrado na cenoura e abóbora, vitamina E, zinco e cobre traz benefícios aos portadores. A mistura vitamínica diminui em até 25% a chance de desenvolver a doença, e o uso de óculos escuros, que proteja da luz azul, ajuda nesse processo.

Injeção

Não existe um tratamento efetivo até o momento, de acordo com a oftalmologista e vice-presidente da SBO, Tania Schaefer. "Nós ainda não temos como regenerar as células degeneradas da retina, mas esperamos que as pesquisas com células tronco venham beneficiar a reestruturação neuronal, pois quando se fala em retina, fala-se de células nervosas", afirma.

Para a DMRI hemorrágica, a mais grave e não tão comum, há o tratamento com a injeção de antiangiogênicos, substâncias que impedem o crescimento de novos vasos sanguíneos, diminuindo o sangramento e edema na retina. O medicamento é aplicado dentro do olho todo mês, durante três meses e, em 90% dos casos, é possível evitar a perda visual e manter a visão em até 35% dos pacientes.

SUS

De acordo com o presidente da SBRV, André Gomes, ainda não há disponibilidade do tratamento pelo SUS, mas algumas prefeituras e governos podem fornecer a medicação mediante protocolo específico. Esse não é o caso do Paraná ou de Curitiba, conforme informações das Secretarias de Saúde do estado e do município.

O brasileiro teve a expectativa de vida reajustada a 74 anos, 10 meses e 24 dias. Quanto mais idade, maior deveria ser a preocupação com as doenças nos olhos, mas não é bem isso que mostra a pesquisa Saúde Ocular na 3.ª Idade, realizada pela Associação Retina Brasil com o apoio da Bayer.

Dos 700 curitibanos entrevistados, todos acima de 40 anos, 46% procuram o oftalmologista apenas quando sentem algum desconforto, sendo que 32% afirmaram ter algum tipo de problema visual e 44% só visitam o médico a cada dois anos.

Glaucoma, catarata e alterações na retina são as principais doenças relacionadas à visão que os brasileiros com mais idade lembram. Porém, poucos conhecem a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), indicada por 8% dos entrevistados como causa de perda de visão entre conhecidos.

"São seis milhões de casos registrados no Brasil e esse número vai aumentar, porque a doença é relacionada à idade. Em São Paulo, a expectativa é que o número de sexagenários dobre até 2020", afirma o oftalmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), André Gomes.

Leitura, passeios pela rua e dificuldade em reconhecer outras pessoas são as primeiras atividades prejudicadas pela falta de nitidez, "borramento" e distorção da visão central causada pela doença. "A mácula, região mais nobre da retina, começa a se degenerar. É uma doença que acomete os dois olhos, mas sempre existe uma assimetria, um olho pior que o outro.

Os sintomas podem variar, mas são progressivos e, sem tratamento, deterioram até mais de 90% da visão, dependendo do tipo da doença", afirma Gomes. A forma seca da DMRI é a mais comum, mas não tão grave quanto a forma hemorrágica, que progride rapidamente, às vezes em questão de horas, sem recuperação.

Luz

Segundo a oftalmologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Tania Schaefer, depois do glaucoma, a prevalência da Degeneração Senil, ou DMRI, tem aumentado muito pela influência externa.

"Todos estão sujeitos à DMRI. A principal causa vem da radiação ultravioleta, da luz azul, presente no espectro solar e, principalmente, na luz da lâmpada de halogênio metálico. A lâmpada é muito usada hoje pela durabilidade e baixo custo, mas a exposição contínua atinge as células pigmentares da retina, ocasionando a degeneração", explica a oftalmologista.

Pele e olhos claros, origem caucasiana ou oriental, além da idade avançada também estão entre os fatores de risco para a doença. "É uma combinação de fatores. Temos identificados dois genes, pois é também uma alteração genética, presente normalmente em pessoas com a pele clara. Por ser degenerativa, sofre influência do cigarro, hipertensão, diabete, além da predisposição familiar e o alto grau de exposição à luz", explica Gomes.

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