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PR busca medicina alternativa

Estado lidera procura por práticas não convencionais no Sul. Resultado seria ainda melhor se não fosse a desinformação dos médicos e a resistência da população

Albina Selúcio sai das consultas mensais mais aliviada das dores. “Tenho fé na acupuntura”, diz a paciente | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Albina Selúcio sai das consultas mensais mais aliviada das dores. “Tenho fé na acupuntura”, diz a paciente (Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo)

Com apenas 5,5% da população brasileira, o Paraná responde por 9% da procura nacional de práticas alternativas oferecidas pelo Sis­­tema Único de Saúde (SUS), como ho­­meopatia, acupuntura, fitoterapia e práticas corporais orientais, conforme indica levantamento feito pelo Ministério da Saúde (MS) sobre a participação de municípios na Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple­men­­­tares (PNPIC). Mesmo assim, o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasem), Antônio Carlos Nordi, estima que há uma ociosidade de 80 a 90% das vagas oferecidas pelo SUS na medicina alternativa.

Entre os três estados do Sul, o Paraná fica em primeiro lu­­gar na procura pelas práticas não convencionais. Em 2008, o Paraná fez 19.825 das 216.616 consultas gratuitas em acupuntura ocorridas no país; em homeopatia, o es­­tado atingiu 19.157 dos 295.348 aten­­dimentos. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul não passou de 5 mil consultas em acupuntura e pouco mais de 4 mil em homeopatia.

Segundo Nordi, que é secretário da Saúde de Maringá, a procura poderia ser maior se não houvesse a resistência da população e a falta de informação dos médicos, responsáveis pelo encaminhamento. "As pessoas são imediatistas: querem ver seus problemas de saúde solucionados o mais rápido possível", avalia. Ele defende uma otimização em todos os postos de saúde espalhados pelo estado. "Estamos falando de uma prática milenar, mas muito pouco divulgada e utilizada", ressalta.

Nordi afirma que 75% dos mu­­nicípios paranaenses que fazem parte do Programa de Saúde da Família oferecem algum serviço alternativo. Muitas vezes, porém, as práticas não estão inseridas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, criada em 2006, pelo Ministério da Saúde. Prova disso são Foz do Igua­­çu, Maringá e Colombo, ausentes do levantamento.

Para a coordenadora da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, Carmen Di Si­­moni, há dificuldades de recebimento de informações que abastecem o Sistema de Informação Am­­bulatorial do SUS (Siasus). Muitas vezes, o médico que atende homeopatia, mas é pediatra, por exemplo, aparece na sua função básica. "Fomos aos locais averiguar. O médico atuava no município, mas não era encontrado no sistema", diz a coordenadora.Carmem deixa claro que são computados os números enviados via relatórios do Siasus pelas secretarias municipais de saúde. "Os próprios municípios não tem os dados, aí fica impossível o MS ter", alerta o presidente do Conasem Nos números enviados ao ór­­gão, somente Curitiba e Umuara­ma constam no quesito consultas médicas em homeopatia; em acupuntura, Curitiba, Londrina, Fa­­zenda Rio Grande, Campina Gran­de do Sul e Paranaguá; e em acupuntura com aplicação de ventosa/moxabustão, Londrina e Fazenda Rio Grande.

Para o presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, Jaime Simões, a atual política de saúde preocupa-se muito com a quantidade de consultas e não com a forma do atendimento. Na consulta convencional podem ser atendidas 16 pessoas em quatro horas; na homeopatia, são seis atendimentos no mesmo período. "Não há interesse político porque não há volume", afirma.

Ele lembra que são poucos os estados que investem na prática e que acompanham os resultados. O ideal para o médico é que em cada unidade de saúde houvesse um médico homeopata que faria o atendimento direto. "Mas é preciso que o médico tenha interesse em fazer a indicação", ressalta.

Interior

Enquanto isso, há mais de um ano e meio, em uma policlínica de Ma­­ringá (Norte Central), um médico homeopata e dois acupunturistas são responsáveis pelo atendimento a 25 unidades básicas de saúde da região. O tai chi chuan também é oferecido à população, três vezes por semana, em praças públicas. Segundo o médico, a prática tem tido aumento na procura porque está mais exposta ao público.

Em Foz do Iguaçu (Oeste), o se­­cretário municipal da Saúde, Luís Fernando Zarpelon, aponta algumas ações nesta área. No laboratório de dor crônica no Hospital Mu­­nicipal há a oferta de consultas de homeopatia, acupuntura e atendimento fitoterápico. Conforme informou Zarpelon, servidores municipais têm sido capacitados permanentemente em práticas fitoterápicas em uma ação desenvolvida pela usina hidrelétrica de Itaipu, que mantém o Refúgio Biológico. O local oferece remédios fitoterápicos para distribuição nas unidades de saúde cadastradas.

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