A dúvida acomete dez entre dez grávidas: qual é a melhor maneira de dar à luz? De forma natural, como as antepassadas, ou se valendo das supostas facilidades trazidas pelo avanço tecnológico? Com ou sem anestesia? E qual o melhor ambiente? No aconchego do lar ou no hospital? Não há uma só resposta, e a individualidade dos casos precisa ser respeitada deve-se levar em conta a recomendação do médico, a segurança, o desejo da mãe, o grau de risco da gravidez, o conforto, o desenvolvimento tecnológico do local do parto e até o estado psicológico da parturiente. Também é importante se basear no que se sabe a respeito.
Os conhecimentos produzidos na área de obstetrícia têm aumentado, e pesar prós e contras dos diferentes tipos de parto dá segurança à mulher, ao médico e ao protagonista da história: o bebê que vai chegar.
Parto normal no hospital
Como é: o bebê nasce sem intervenções cirúrgicas de grande porte ou técnicas invasivas, mas pode ocorrer o uso de anestesia, medicamentos para acelerar as contrações e o corte do períneo (ligação entre ânus e vagina) para aumentar a área de passagem do bebê. Duração: em média, desde que há dilatação mínima e contrações recorrentes até o momento em que a criança sai do corpo da mãe, passam-se em média oito horas, período chamado de "trabalho de parto ativo". Recomendação: em 85% dos casos este é o procedimento mais adequado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma vez que oferece menos riscos para a mãe (são menores as chances de hemorragias, lesões nos órgãos, infecções e problemas decorrentes de anestesia mal aplicada). O bebê também é beneficiado, uma vez que, ao passar pelo canal vaginal, tem seu tórax comprimido, o que ajuda os pequenos a expelirem fluidos dos pulmões, diminuindo os ricos de asfixia. Recuperação: a alta do hospital ocorre, em média, após dois dias. Em no máximo um mês a mãe já está totalmente recuperada.
CesáreaComo é: o bebê é retirado do corpo da mãe através da barriga. Os médicos fazem um corte no local, que atravessa sete camadas de tecido. É um procedimento cirúrgico, que exige anestesia. Duração: de 40 minutos a uma hora. Recomendação: em 15% dos casos é a melhor solução para garantir a segurança da mãe e do bebê. São casos em que a mãe é hipertensa, há ocorrência de hemorragias, o bebê não passa pelo canal vaginal, está em posição transversal ou a bolsa amniótica rompeu antes do tempo. Também é recomendado quando o cordão umbilical está enrolado no pescoço da criança e quando a mãe é portadora do vírus HIV. Recuperação: além de o risco de infecções ser 7 vezes maior, a recuperação da cesárea é mais demorada. A alta do hospital ocorre três dias após o parto, e a cicatrização superficial, após 15 dias. Já a permanente, quando ela atinge seu aspecto final e está resistente a trações, ocorre até três meses após o parto.
Parto humanizado (no hospital ou em casa)Como é: parto normal, feito em casa ou no hospital, com algumas diferenças: a mulher dá à luz na posição que escolher (geralmente de cócoras). Não há o uso de substâncias que acelerem as contrações nem anestesia, e o períneo não é cortado. Não há exames de toque e a mulher decide se quer fazer a raspagem dos pelos pubianos. O ambiente é mais calmo, com a presença de acompanhantes. Duração: o bebê é quem "decide" quando vai nascer. Costuma demorar, em média, 13 horas. Recomendação: quando a gestação é de baixo risco. Em geral, a comunidade médica aprova o parto humanizado, desde que no hospital, pois em caso de complicações, a estabilização do bebê ou da mãe é mais rápida. Recuperação: a alta pode ocorrer em até um dia após o parto, e a recuperação total pode ser ainda mais rápida por conta de não haver procedimentos invasivos.
Fontes: Antônio Paulo Mallmann, médico obstetra da Maternidade Santa Brígida e professor de Ginecologia Obstetrícia da PUC-PR; Marcos Takimura, médico obstetra, gerente-médico de assistência do Hospital do Trabalhador e professor da UFPR e da Universidade Positivo.