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O risco de sofrer um enfarte ou um acidente vascular cerebral (AVC) aumenta nas duas primeiras horas após uma "explosão' de raiva, na comparação com situações em que não há descontrole emocional. É o que afirmam pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com base em uma revisão sistemática de nove estudos e metanálise.

Os resultados foram publicados na segunda-feira (3), na revista científica European Heart Journal, e levaram em consideração mais de 6 mil eventos cardiovasculares. Segundo o trabalho, o risco de uma pessoa sofrer um enfarte do miocárdio ou síndrome coronariana aguda nas duas horas subsequentes a um rompante de fúria aumenta quase cinco vezes, em relação aos momentos em que não há abalo emocional. Também foi constatada uma probabilidade três vezes maior de ter um acidente vascular cerebral nessas condições.

Os pesquisadores analisaram estudos realizados entre janeiro de 1966 e junho de 2013. Todos tratavam das relações entre a raiva e os episódios cardiovasculares. Os nove trabalhos escolhidos somavam, juntos, 4.546 casos de enfarte, 462 casos de síndrome coronariana aguda, 590 casos de acidente vascular cerebral isquêmico, 215 casos de acidente vascular cerebral hemorrágico e 306 casos de arritmia.

O risco cardiovascular após um ataque de fúria é ainda maior para quem já tem histórico de doenças cardíacas, ressaltou a principal autora do estudo, Elizabeth Mostofsky, de Harvard. "Embora o risco de sofrer um evento cardiovascular agudo após uma explosão única de raiva seja relativamente baixo, esse risco pode ser cumulativo para pessoas com episódios frequentes de fúria. Isso é importante particularmente para indivíduos que têm outras condições subjacentes, como é o caso de diabéticos e de pessoas que já sofreram enfarte ou derrame", declarou Elizabeth.

Segundo os cientistas, não é possível dizer que a raiva é causa direta dos eventos cardiovasculares. O estudo apenas demonstra que há algum tipo de relação entre os dois elementos. Uma explicação é que o estresse psicológico contribua para o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Com isso, as alterações no fluxo sanguíneo poderiam causar a formação de coágulos sanguíneos - e estimular respostas inflamatórias.

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