Um bebê que não para de chorar pode acabar levando pais ou cuidadores ao descontrole. Embora lidar com essa situação nem sempre seja fácil, algo que jamais deve ser feito é sacudir o bebê como forma de repreendê-lo. Muita gente não sabe, mas o movimento brusco da cabeça do bebê para frente e para trás pode deixar sérias sequelas e até mesmo colocar sua vida em risco. Não existem estatísticas precisas a respeito da incidência da chamada síndrome do Bebê Sacudido, já que por ser considerada um tipo de mau-trato acaba sendo registrada como violência contra a criança. Entretanto, os médicos recomendam que os pais tenham cuidado e evitem as chacoalhadas, mesmo durante as brincadeiras. Ao ser sacudido, o bebê pode sofrer lesões cerebrais e na coluna, o que pode ocasionar sequelas permanentes ou até mesmo, em casos mais graves, a morte do bebê.
O ortopedista e traumatologista Edilson Forlin, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica, explica que até os 3 anos de idade a criança ainda não tem mecanismos de proteção para segurar o corpo quando é sacudida. Por isso, ao ser chacoalhada, principalmente quando isso é feito de uma forma violenta, a criança corre o risco de sofrer alguma lesão cerebral ou na coluna. "A criança tem uma cabeça grande em relação ao corpo. Entre o cérebro e o crânio existe um pequeno espaço para o crescimento e desenvolvimento do cérebro. Quando se sacode a criança, o movimento brusco provoca lesões e inchaço cerebral", explica. Nos casos mais graves, pode haver até mesmo o rompimento de vasos sanguíneos, o que ocasiona hemorragia no cérebro. Nesses casos, a criança pode ter danos permanentes. "O movimento acelerado para frente e para trás altera os estímulos cerebrais podendo causar uma lesão. Dependendo da gravidade, a criança pode ter alterações no nível de consciência e até mesmo entrar em coma", explica o neurologista pediátrico, Alfredo Lohr, do Hospital Pequeno Príncipe. Como consequência, o bebê pode apresentar problemas que incluem atraso mental, deficiência visual e retardo no desenvolvimento motor.
Embora as brincadeiras de jogar o bebê para o alto ou sacudi-lo para divertir não sejam tão perigosas quanto um chachoalhão de raiva, os médicos não recomendam que se faça esse tipo de coisa.
Como a chacoalhada, ao contrário de tapas ou socos, não deixa marcas visíveis da agressão na criança, o diagnóstico nem sempre é fácil. Médicos precisam ficar atentos aos sinais que indicam danos neurológicos, como alterações no fundo do olho, convulsões ou perda de consciência. Geralmente, uma avaliação clínica e uma tomografia são capazes de identificar o problema.
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