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Maria Fernanda com a mãe Rejane: relógio controla  os horários de ir ao banheiro para prevenir novas  infecções urinárias | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Maria Fernanda com a mãe Rejane: relógio controla os horários de ir ao banheiro para prevenir novas infecções urinárias| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Tratamento

Reeducação para a hora de urinar

Ao completar 1 ano de idade, a pequena Maria Fernanda Bertolo Stresser passou a ter febre. Naquela época ficou internada e recebeu tratamento para uma suposta pneumonia. Sua mãe, Edilaine, conta que em nenhum momento os médicos solicitaram um exame de urina. Mas, uma radiografia do abdome detectou uma mancha em um dos rins. Assim, foi aconselhada a procurar um nefrologista. Rejane de Paula Meneses, do Hospital Pequeno Príncipe, solicitou uma série de exames, que detectaram que as febres de Maria Fernanda eram sintomas de infecções urinárias prévias, decorrentes de refluxo não diagnosticado. "O refluxo faz a urina voltar para o rim e não ser eliminada. Ele é uma das causas mais comuns de infecção urinária", diz. Na ocasião, a menina já apresentava hipertensão arterial e o funcionamento dos seus rins estava comprometido. "Foi necessário prescrever antibióticos por um período de três anos para prevenir as infecções, além de medicamentos para controlar a pressão alta por dois anos", conta a nefrologista. Hoje, Maria Fernanda está com cinco anos e livre dos remédios. Mas, faz fisioterapia para reeducação miccional. "Além disso, usa um relógio de pulso que vibra a cada três horas indicando que deve ir ao banheiro e beber água, para que o processo seja contínuo", explica a mãe.

  • Saiba os sintomas e os cuidados para evitar a infecção urinária

A infecção urinária ocupa o segundo lugar no ranking de doenças mais comuns na infância. Na maioria das vezes ela não é causada por má formação anatômica, mas pela contaminação pelas fezes. O diagnóstico nem sempre é fácil e quanto menor a criança, menor será a capacidade de descrever o que está sentindo.

Luiz Fernando Rodriguez, pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças, explica que muitas vezes a febre não aparece – como ocorre em adultos –, mas, se uma criança apresenta perda de apetite, irritabilidade e baixo ganho de peso, e se não há outra infecção aparente, a regra é solicitar um exame de urina. "Essa medida é obrigatória, pois infecções urinárias não tratadas e recorrentes podem levar à insuficiência renal ou mesmo ao desenvolvimento de hipertensão arterial crônica", diz.

No período das fraldas o risco é maior, mesmo que a troca aconteça constantemente. O pediatra explica que o problema é mais comum nas meninas. "A uretra é curta e está mais próxima do canal vaginal e do ânus. Por isso, ao evacuar, o germe presente nas fezes pode penetrar na uretra e provocar uma infecção urinária", explica. Nos meninos, a causa mais comum é a fimose, que dificulta a exposição da glande e a higiene local, desencadeando a infecção. "Nesses casos, a circuncisão é recomendada para prevenção", diz Rodriguez.

O tratamento da infecção urinária é feito com antibióticos por aproximadamente 10 dias. "Após esse período, o ideal é realizar novo exame de urina de 48 a 72 horas após o término do medicamento. Se ainda houver infecção, é fundamental encaminhar a criança ao nefrologista, para aprofundar o diagnóstico", afirma.

Investigação

Alterações no funcionamento dos rins e da bexiga também causam infecções urinárias. "Nesses casos, é preciso investigar o problema e começar logo um tratamento. Infecções repetidas podem comprometer a função dos rins, além de provocar o seu crescimento e deixar cicatrizes", explica Rejane de Paula Meneses, nefrologista do Hospital Pequeno Príncipe. Segundo a especialista, quando a criança ainda usa fralda é mais difícil verificar a frequência das micções e a quantidade de urina eliminada. Alguns sinais de infecção só chamam a atenção dos pais após os dois anos de idade, quando começa o treinamento para o uso do banheiro. "É importante observar a criança e buscar ajuda profissional em caso de dúvida. Um diagnóstico tardio pode gerar lesões irreversíveis", diz.

Hoje, existem recursos que possibilitam diagnósticos precoces. Por meio de exames simples, como a ultrassonografia, é possível analisar o funcionamento do sistema urinário. "Além disso, há exames específicos que avaliam o esvaziamento da bexiga, como o bladder scan. Outros, mais complexos, como a uretrocistografia miccional, identificam disfunções da uretra e da bexiga", completa.

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