| Foto: Image Source/Simon Battensby

Dicas

Rotina é essencial para quem sofre influência do horário de verão

Ainda que não seja indicado usar o período de férias para dormir por noites passadas, o período pode ser aproveitado para criar bons hábitos de sono. A primeira dica é manter a regularidade. "Se a pessoa estimula o cérebro até mais tarde nas férias e depois acorda somente ao meio-dia, isso desregula. É importante não ficar na cama sem sono e ter os horários mais regulares possíveis", ensina a médica Luciana Palombini.

A otorrinolaringologista Karin Dalvesco explica que o cuidado é necessário para deixar claro ao relógio biológico as horas em que o corpo trabalha e deixa de trabalhar. "É possível fazer concessões. Boa parte das pessoas consegue mudar um pouco, dormir mais tarde e acordar mais tarde nas férias. Mas algumas não conseguem, como as que não se adaptam ao horário de verão."

Assim como outras atividades, dormir bem também é hábito, acrescenta e neurofisiologista Olga Judith. "No começo, você não consegue. Mas é necessário manter um esquema, com horário certo para dormir e acordar, até conseguir."

CARREGANDO :)

Depois de um ano intenso de trabalho, as merecidas férias. Se, além de viagens e passeios, está nos seus planos aproveitar esse período para repor o sono perdido durante o ano, esqueça. Assim como dormir durante o fim de semana inteiro não compensa as noites mais curtas ao longo da semana, tentar recuperar as horas de sono de um ano todo nas férias é tempo perdido. "A dívida que a gente faz com o sono é impagável", garante a neurofisiologista Olga Judith Hernandez Fustes, especialista em distúrbio de sono.

INFOGRÁFICO: Confira algumas dicas para criar bons hábitos de sono

Publicidade

A tese, segundo a médica, é facilmente comprovada. "Um grupo de pessoas passou dez dias sem dormir. Para repor, elas deveriam dormir por dias, mas não conseguiram mais do que 20 horas contínuas." Embora pareça inofensiva, especialistas alertam que a privação de sono causa prejuízos imediatos, como diminuição da memória e concentração. Já no longo prazo, o estresse decorrente de dormir menos que o necessário é um fator de risco – semelhante à obesidade – para doenças cardiovasculares.

A médica do sono Luciana Palombini, do Instituto do Sono de São Paulo, explica que estudiosos ainda não sabem precisar o quão irreversíveis são os danos causados por noites mal dormidas. "Mas estudos mostram que isso gera estresse, libera hormônios como adrenalina e cortisol, responsáveis pela regulação do apetite. A pessoa come mais e fica mais propensa a doenças, como pressão alta e diabetes", exemplifica.

Mas qual o ideal quando se trata de dormir? As famosas oito horas de sono valem para todos? Segundo a otorrinolaringologista Karin Dalvesco, do Instituto do Sono de Curitiba, não há regras rígidas. "A variabilidade é individual. A maioria dorme oito horas, mas varia de cinco a dez horas, dependendo da pessoa. O termômetro é sentir-se bem ao acordar." Ainda assim, é preciso ficar alerta: dormir menos que quatro horas e mais que dez pode aumentar o risco de problemas de saúde, garante Karin.

A médica Luciana Palom­bini ressalta que, em matéria de sono, quantidade também diz pouco sobre qualidade. Isso porque pessoas com problemas como apneia, por exemplo, podem ter microdespertares, de cerca de dez segundos, insuficientes para acordar, mas longos o bastante para fragmentar o sono. "A pessoa nem sabe que tem. Por isso, a queixa ‘durmo dez horas por noite e estou cansado’ é válida", explica.

Ronco e dor de cabeça indicam problemas

Publicidade

Pessoas que roncam e acordam frequentemente cansadas ou com dores de cabeça têm grandes chances de sofrer apneia do sono. Em crianças, o problema se manifesta por meio de sono agitado, transpiração e respiração ruidosa. Nesses casos, o ideal é procurar uma clínica de sono, que fará o monitoramento da função cerebral durante uma noite. "Alguns comportamentos anormais, como falar durante o sono, nem sempre precisam ser tratados. Mas no caso da apneia, a pessoa vai ficando cansada, mal humorada", explica a médica Luciana Palombini, do Instituto do Sono de São Paulo.

De acordo com a especialista, o brasileiro vem dormindo cada vez menos. Pesquisa citada por ela indica que somente na cidade de São Paulo 70% da população tem alguma queixa de sono, sendo que 30% sofrem de insônia e 32% de apneia.