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Antibiótico não serve para tratar infecção virótica

Em relação ao tratamento, os médicos insistem que não se deve usar antibióticos contra viroses. Muitos pais pensam e exigem o remédio, que só serve para infecções por bactéria. Quando a criança está com fezes aparentemente líquidas, com presença de sangue, já não é diarreia, mas sim disenteria, uma infecção bacteriana que exige antibióticos.

Para outros casos, o médico Victor Horácio de Souza Costa Júnior explica que uma das formas de se descobrir se a infecção é bacteriana ou viral é observar as condições de saúde após a febre passar. "Em geral, se é viral, após a febre o quadro geral é bom. A mãe dá um antitérmico e a criança melhora. Se é bacteriana, a febre pode passar, mas o mal-estar continua", diz, fazendo uma recomendação que nunca falha: "Em todo caso, sempre que houver um problema, é preciso procurar um médico, pois a automedicação pode agravar o quadro".

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Com a aproximação da estação mais fria do ano – e mesmo antes, nos dias em que a temperatura cai –, as mães e os pais precisam ficar atentos às viroses, que atacam indiscriminadamente crianças e adultos, mas encontram mais facilidade de propagação entre os pequenos. Como o contato se dá principalmente pelo ar – e as creches e escolas são espaços em que todos ficam juntinhos, geralmente com janelas fechadas propiciando a festa dos vírus – e pelas mãozinhas, que vão dos objetos sujos para o nariz e a boca com frequência, os pediatras alertam para cuidados básicos que ajudam a evitar os quadros infecciosos.

Há uma infinidade de doenças causadas por vírus: algumas são comuns e outras mais raras, indo das mais amenas às mais graves, todas causadas por um microrganismo com alto poder de mutação. Entre as mais corriqueiras, é preciso saber que elas vão além daquelas do aparelho digestivo, as do tipo gastrointestinais, que causam dor de barriga (diarreia), como explica o professor de Infectologia Pediátrica da PUCPR e coordenador do programa de Residência Médica em Pediatria do Hospital Pe­­queno Príncipe, Victor Horário de Souza Costa Júnior. No caso, entre as viroses mais comuns estão a gripe, um resfriado (a rinofaringite), a dor de garganta (amigdalite), a dor de ouvido associada à febre (otite) ou a tosse seca também com quadro febril (a traqueobronquite, com inflamação da traqueia).

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"Há também viroses que são doenças típicas da primeira infância, como a varicela [ou catapora], a rubéola, o sarampo, o exantema súbito e o eritema infeccioso", esclarece o médico. Para algumas, como as três primeiras doenças, há vacina disponível na rede pública ou privada (veja texto ao lado), mas não para as duas últimas. O exantema se caracteriza por manchas na pele, que surgem após a febre passar, mas tem evolução benigna e, depois de um tempo, as manchas somem. Já o eritema, também benigno, tem como sintomas febre, manchas na pele e dor nas articulações.

Cuidados

Em todos os casos, é preciso ficar atento. "As mais comuns, embora se curem após um a cinco dias, têm sintomas que podem gerar desidratação ou desnutrição (como a perda de água e nutrientes por causa de vômito e diarreia), além do risco de infectarem outras pessoas", explica a médica pediatra Luci Yara Pfeiffer, do Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba. Uma virose mais grave pode ter complicações que põem em risco a vida da criança – como é o caso da varicela, que pode estar associada a uma pneumonia ou causar infecções de pele devido ao contato das feridas com a mão suja da criança, na tentativa de aplacar a coceira.

Saiba mais

O ser humano pode ser alvo dos mais variados tipos de vírus, que afetam todos os órgãos e tecidos do corpo. Como são seres com grande capacidade de disseminação e mutação, é complexo o desenvolvimento de vacinas e de uma medicina curativa.

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Conheça algumas doenças virais e seus principais sintomas:

>> Gastroenterite: diarreia e vômitos.

>> Gripe: sintomas clássicos de congestão ou secreção nasal, febre, mal-estar e tosse, em vários níveis de gravidade.

>> Otite: a inflamação no ouvido, habitualmente associada à rinofaringite ou gripe, com sintomas de febre, dor intensa nos ouvidos, às vezes com diminuição temporária da audição.

>> Rinofaringite: é o resfriado, com sintomas de tosse, dor, coriza e espirros.

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>> Amigdalite: dor de garganta, com acometimento das amígdalas palatinas, que costuma vir com febre, dor, ardência e dificuldade de se alimentar.

>> Traqueobonquite: comprometimento da traqueia e brôn­quios, causando febre, prostração e tosse intensa.

>> Importante: essas doenças são sempre associadas à febre, que é um alerta do corpo de que há um quadro infeccioso. Em geral, as viroses atacam o sistema respiratório ou o digestório. As primeiras são mais comuns no inverno e as segundas, no verão.

>> Meio de transmissão: pelo contato interpessoal, por meio de secreções e líquidos do corpo, como saliva, urina, secreção nasal e sangue.

>> Como se previne: higiene das mãos (de preferência com sabonete e água corrente, ou álcool-gel) antes de comer e depois de transitar por espaços públicos, evitando ambientes fechados sem circulação de ar e o contato com utensílios e roupas do doente, além de cozinhar bem os alimentos.

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>> No caso da gripe: quando causada pelo vírus influenza A ou B: vacina a partir dos 6 meses, com um reforço após um mês e, depois disso, reforços anuais, pois o vírus sofre mutação constante.

>> Como se trata: os sintomas duram de 1 a 10 dias, dependendo da doença – a gripe pode durar de 7 a 10 dias, e a gastroenterite, de 1 a 5 dias. Fora a influenza A, tratada com remédios específicos, nas demais são tratados apenas os sintomas, como febre, congestão, dores no corpo e garganta. No caso de haver desidratação e desnutrição por causa de vômitos e diarreias, deve-se dar à criança líquidos não artificiais, como água de coco e suco de maçã, em torno de 100 a 150 ml uma hora após cada episódio de vômito ou diarreia.

As viroses da primeira infância e como preveni-las:

>> Rubéola, caxumba e sarampo: vacina tríplice oferecida pelo SUS, com a primeira dose aos 12 meses e reforço entre os 4 e 6 anos.

>> Varicela: vacina oferecida na rede privada. A inclusão no calendário oficial de imunização deve ocorrer no ano que vem. Primeira dose aos 12 meses e reforço entre os 4 e 6 anos.

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Fontes: Luci Yara Pfeiffer (HNSG) e Victor Horácio de Souza Costa Júnior (HPP e PUCPR), pediatras.