Se o uso medicinal do canabidiol é bem aceito, o do THC gera muitos receios. Um dos críticos da liberação é o deputado federal Osmar Terra (PMDB), ex-secretário da Saúde do Rio Grande do Sul. O parlamentar sustenta que, além de não ter benefícios comprovados, a substância viciaria, causaria retardo mental e desencadearia quadros de esquizofrenia.
“O efeito do THC é devastador. Ele é muito diferente do canabidiol, que não tem dano importante e pode ser que cause um efeito positivo em doenças genéticas convulsivas. Com o THC não é assim, ele é a substância que vicia, que causa o dano todo da maconha. Tenho certeza de que o juiz que tomou essa decisão não conhece o assunto e está mal assessorado. É uma decisão sem sentido nenhum, que passa por cima do conhecimento científico”, defende Terra.
THC: mais polêmico que o canabidiol
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Leia a matéria completaRiscos
Pesquisadora do canabidiol, Nadja Schröder, coordenadora do Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular da PUCRS, também ressalta as diferenças e acredita que o THC possa trazer mais riscos do que benefícios. “Assim como existem indicações de uso benéfico do THC, existem muitos estudos de consequências negativas, que seriam as mesmas da maconha: dificuldade de concentração, distúrbios de memória e até neurotoxicidade. Mesmo isolado, o THC teria efeito psicotrópico”, diz ela.
Uso
O presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Ângelo Campana, preocupa-se com o risco de que o uso medicinal seja uma etapa no caminho do uso recreativo.
“As pessoas precisam [da substância] para ontem”
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Leia a matéria completa“Passo a passo, é uma forma de liberar o consumo da maconha. Primeiro vai liberando o subproduto. Com isso, a população começa a ver como remédio, como algo de pouco risco. E como a maconha fumada é mais potente, a pessoa acabará abandonando o uso via oral de remédio para fumar”, observa.
De acordo com Campana, só há evidência no momento de que o THC tenha alguma ação em quadros dolorosos decorrentes de certos tipos de câncer e no alívio de contrações musculares associadas à esclerose múltipla.
“O que os oncologistas e especialistas colocam é que já dispõem de medicamentos eficazes e que não precisam disso, que não utilizariam o THC no tratamento”,afirma.