Enquanto a chegada de uma vacina contra a dengue ao mercado está muito próxima, um imunizante para o zika vírus – doença também transmitida pelo Aedes aegypti – ainda é uma possibilidade distante. Como o zika é uma doença relativamente nova, com poucos casos no mundo e, até pouco tempo atrás, considerada apenas uma versão mais branda da dengue, eram nulos os esforços para se desenvolver uma vacina contra o vírus.
Agora, pesquisadores iniciam conversas para desenvolver um imunizante. De acordo com a assessoria do laboratório Sanofi Pasteur – que está no estágio mais avançado das pesquisas para a vacina contra a dengue – novos estudos devem ser realizados com outro composto vacinal para o desenvolvimento de um imunizante para o zika. A empresa espera lançar no ano que vem no Brasil a vacina contra a dengue.
Veja em que pé está cada pesquisa de vacina contra a dengue
Segundo a diretora médica da empresa, Sheila Homsani, todas as etapas de pesquisas para aprovação da vacina já foram finalizadas e o pedido de obtenção de registro foi encaminhado às autoridades de saúde. A Anvisa recebeu o dossiê da pesquisa em março. O órgão agora avalia os estudos e resultados para decidir se libera, ou não, a comercialização da vacina contra a dengue no país.
O desenvolvimento do imunizante exigiu décadas de estudo. Nesses casos, depois de pronto o composto vacinal, são necessários testes pré-clínicos – feitos em laboratórios, primeiro em ratos e depois em primatas – e clínicos, realizados em humanos e divididos em três etapas. A primeira delas, com poucos voluntários, avalia a segurança do composto. A segunda etapa, feita com centenas de voluntários, testa a capacidade de prevenir a doença. A terceira etapa é realizada com um número muito maior de voluntários e avalia o grau de eficácia da vacina.
Essa fase consiste na vacinação de uma população com risco uniforme para a doença. Parte dos voluntários recebe a vacina e outra parte, placebo. Ao longo de um período, esse grupo é acompanhado para saber quem adoeceu. Depois desse acompanhamento, que pode se alongar por mais de um ano, é feito um cruzamento de dados para medir o quanto a vacina foi eficaz na prevenção da doença.
Depois, os resultados são encaminhados para as autoridades de saúde, que avaliam os resultados e liberam a vacina ou exigem mais estudos. Uma possível vacina para prevenir o zika precisaria passar por todas essas etapas e se mostrar segura a eficaz para ser liberada.
Como estão os estudos para a vacina contra a dengue
Confira em que pé estão as pesquisas e como os imunizantes agem:
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Sanofi Pasteur
A vacina do laboratório francês tem como esqueleto o vírus vacinal da febre amarela combinado com os quatro tipos do vírus da dengue vivos atenuados, de forma a estimular o sistema imunológico, mas sem capacidade de provocar a doença. As pesquisas mostraram que em indivíduos acima de 9 anos de idade a vacina tem 66% de eficácia e proporciona maior proteção contra duas manifestações clínicas relevantes da doença – houve redução de 93% dos casos de dengue grave e de 80% dos índices de internações por causa da dengue. Todos os testes pré-clínicos já foram concluídos. Agora, a empresa aguarda liberação da Anvisa para iniciar a comercialização.
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Fiocruz – Instituto Oswaldo Cruz
A estratégia da vacina estudada pelo Instituto Oswaldo Cruz é associar a resposta de anticorpos – usada tradicionalmente no desenvolvimento de vacina – a uma de nível celular, por meio de uso de engenharia genética. Em testes de laboratório em camundongos, essa vacina se mostrou 100% eficaz contra a dengue tipo 2. Em comparação às demais, essa é a vacina que está na fase mais inicial de pesquise. No ano que vem, começam os testes em primatas. Apenas depois dessa fase é que serão iniciadas as avaliações clínicas.
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Fiocruz – Instituto Bio-Manguinhos/GSK
A vacina desenvolvida pelo Instituto Bio-Manguinhos em parceria com a farmacêutica GSK busca imunização contra os quatro tipos de dengue em circulação por meio de uma combinação de antígenos virais e cultura de células. A ideia é fazer algo semelhante ao que já foi desenvolvido pela GSK para a encefalite. As pesquisas encontram-se em fase de conclusão dos estudos pré-clínicos feitos em primatas. Em 2016, os pesquisadores pretendem iniciar os testes em humanos.
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Instituto Butantan/NHI
Das instituições públicas brasileiras, a que está com a pesquisa para a vacina da dengue mais desenvolvida é o Instituto Butantan, que trabalha nesse projeto em parceria com os Institutos Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NHI). O imunizante desenvolvido pelo Butantan é composto por vírus geneticamente atenuados e a intenção é proteger contra os quatro tipos da dengue. A fase dois dos estudos em humanos já foi concluída e agora os pesquisadores aguardam liberação da Anvisa para o início da etapa três, quando a vacina deverá ser testada em 17 mil pessoas de várias regiões do país. A intenção é ter a vacina no mercado até 2018.
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Takeda
O laboratório japonês deve iniciar a 3 ª e última fase dos estudos clínicos em 2016. Nessa etapa, serão realizados testes com 20 mil voluntários em todo o mundo para avaliar a eficácia do imunizante. Apesar disso, de acordo com o diretor médico regional para a unidade de vacinas da empresa, Pedro Garbes, não é possível precisar quando a vacina entrará no mercado. Nessa vacina, os pesquisadores trabalham com um vírus atenuado do tipo 2, que é manipulado geneticamente e recombinado com os outros três subtipos de vírus da dengue. A intenção é que, desta forma, o sistema imunológico humano comece a produzir anticorpos para os quatro tipos da doença.
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