Em falta desde agosto, a vacina contra meningite B deve voltar a ser encontrada nas clínicas particulares ainda em outubro. A previsão é do laboratório GSK, responsável pela produção da vacina no Brasil. Ainda assim, em quantidade insuficiente para a demanda esperada. O laboratório recomenda que a leva a ser colocada à venda nos próximos dias seja destinada a quem ainda precisa tomar a segunda dose. Esses pacientes terão de voltar a desembolsar, no mínimo, R$ 500 pela vacina. Com a alta do dólar, é possível que ela fique mais cara.
Na avaliação da presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Isabella Ballalai, não é preciso uma correria para adquirir a vacina, mas a vacinação é importante.
Sintomas
Os principais sinais e sintomas da meningite são: febre alta e abrupta, dor de cabeça intensa e contínua, vômito, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele. Para menores de um ano de idade há outros sintomas: moleira tensa ou elevada, irritabilidade, inquietação com choro agudo e persistente e rigidez corporal.
“As vacinas meningocócias são importantes porque a meningite é endêmica no Brasil. Sempre temos cerca de quatro a cinco casos por dia da doença no país, que leva a óbito entre 20% a 25% das pessoas contaminadas. Entre os que sobrevivem, muitos ficam com sequelas importantes”, diz Isabella.
A meningite, que consiste na inflamação das membranas que envolvem o cérebro, pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos. No total, o país já registra 8.953 casos da doença em 2015. Desses, 348 são da chamada doença meningocócica -- que é um tipo de meningite bacteriana causada pela Neisseria meningitidis (meningococo) e que tem como sorogrupos mais frequentes a A, B, C, W e Y.
Veja como a meningite age no organismo e as variações mais comuns da doença
Esquema
A imunização para bebês deve ser feita a partir de 2 meses de idade e, se iniciada até os 5 meses, recomendam-se três doses, com pelo menos 2 meses de intervalo e reforço entre 12 e 23 meses. Para os que iniciam a vacinação entre 6 e 11 meses, são ideais duas doses da vacina, com intervalo de dois meses e reforço no segundo ano.
É justamente para a doença meningocócica do tipo B que serve a vacina. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados 86 casos desse tipo de meningite no Brasil em 2015. A maior parte atingiu crianças menores de quatro anos, 58 no total. No Paraná, os quatro casos de meningite B registrados neste ano estão justamente nesse grupo etário – dois resultaram em morte.
Apesar de a vacina ser recomendada pela SBIm e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, ela ainda não está disponível no sistema público de saúde. Isabella aponta que um dos obstáculos para que isso ocorra é a baixa produção do produto no Brasil. “De que adianta incluí-la, se ela não estiver disponível?”, diz.
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informa que ainda não há pedido de incorporação da vacina no SUS. De acordo com a assessoria da pasta, a “inclusão de nova vacina obedece às regras da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, que garantem a proteção do cidadão quanto a segurança e eficácia dessas vacinas”. Entre os documentos exigidos por essa comissão estão estudos que comprovem a eficácia, eficiência e o custo-efetividade dos produtos como estratégia de saúde pública.
Vacina acessível
Há quatro vacinas no sistema público de saúde que protegem as principais causas de meningite bacteriana:
Meningocócica conjugada sorogrupo C
Contra a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C.
Pneumocócica 10-valente (conjugada)
Contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
Pentavalente
Contra doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
Vacina BCG
Protege contra as formas graves da tuberculose e nos casos de meningite.
8.953 casos
De meningite foram registrados no país neste ano. A maior parte deles atingiu pessoas entre 20 e 59 anos, 3.168. Quando considerada apenas a doença meningocócica, as crianças menores de quatro anos foram as vitimadas em maior número. Ao todo, 84 casos foram registrados no país este ano dentro deste grupo etário.